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Mosca vira praga e ataca animais

23/12/2009
A mosca-de-estábulo (Stomoxys calcitrans) é atualmente o grande flagelo em Mato Grosso do Sul, onde pessoas e bovinos, caprinos, suínos e até caninos são atacados. Com a aparência e quase o tamanho da mosca doméstica, aplica doloridas picadas, buscando sangue quente seu alimento. O entomologista Wilson Koller, da Embrapa Gado de Corte, diz que o inseto é mais agressivo do que a mosca-dos-chifres. Nas pessoas, o resultado mais imediato é o surgimento de feridas e febre, abrindo oportunidade para uma série de doenças. Entre os animais, os ataques são terríveis contra os bovinos, devido estes estarem mais expostos e sem meios de defesa. Nuvens de moscas caem sobre eles, picando-os por todos os lados, provocando irritação, estresse e obrigando a se movimentar constantemente. Em Dourados está havendo dezenas de mortes em pastos abertos e confinamentos. Ainda não existe laudo técnico comprovando tratar-se de baixas ocorridas em consequência da mosca-de-estábulo, informa o veterinário João Batista Catto, pesquisador da Embrapa Gado de Corte. "Estamos estudando todos os casos. Quando for possível daremos um parecer oficial sobre toda a questão, inclusive explicando os motivos dessas mortes." Apesar desse posicionamento técnico, produtores rurais afirmam que a situação é grave. Em Angélica, por exemplo, município que fica na mesma região dos ataques da mosca-de-estábulo, o pecuarista Reinaldo Padovam confirma ter perdido 70 bezerros, bois e vacas desde o início do surto. Ele não tem dúvidas quanto ao efeito mortal das ferroadas dos insetos. Matheus Silva Vieira, consultor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), diz que os surtos começaram há um ano mas vêm se agravando nos últimos 6 meses, com a proliferação acelerada, notadamente em rebanhos bovinos das proximidades de usinas de álcool. Por enquanto, existe a conclusão de que houve alteração no meio ambiente. "Havia um equilíbrio ecológico no Estado, que foi alterado devido a diversos fatores. Temos novas condições que precisam ser analisadas e diante disso desenhar o comportamento da praga e agir", afirma o pesquisador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Fernando Paiva.


João Naves de Oliveira
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