Fertilizantes no Brasil
11/11/2009
Nada explica melhor o interesse que a Copebrás suscita em concorrentes nacionais e estrangeiras do que o quadro de oferta e demanda de fertilizantes no Brasil nos nove primeiros meses do ano.
A matemática é simples: com uma demanda retraída desde o fim do ano passado, as entregas das misturadoras ao consumidor final caíram 11% em relação a igual intervalo de 2008, para 16,2 milhões de toneladas. Com os gordos estoques domésticos que se formaram, as importações recuaram 43%, para 7,8 milhões de toneladas, mas a produção nacional caiu 16%, para 6,1 milhões de toneladas, e já está em recuperação.
Ou seja: com a dependência do país de matérias-primas importadas, é praticamente certo que o volume que for produzido no próprio país será vendido, ainda que em determinadas situações haja estoques para carregar, o que tem um custo, e apesar da falta de isonomia com os produtos de fora, que não enfrentam barreiras para entrar no país e não pagam ICMS nas vendas interestaduais como a produção doméstica, onerada neste caso entre 4,9% e 8,4%.
Outro detalhe: o Brasil já é um dos maiores "países agrícolas" do mundo, grande exportador de produtos como soja, milho, açúcar, etanol, café, suco de laranja, produtos florestais e carnes, e será ainda mais importante nesse setor nas próximas décadas, por ter espaço para ampliar a produção mesmo com travas ambientais.
"Adubo não é custo, é investimento. Para termos preços adequados no país [hoje as cotações oscilam conforme as variações internacionais], é preciso investir aqui e não privilegiar as importações", disse Vital Jorge Lopes, presidente da Fosfertil, ao comentar os resultados da empresa no terceiro trimestre do ano, na semana passada.
Conforme números de mercado apresentados no balanço da Fosfertil, as importações abastecem 70% da demanda interna. Das principais matérias-primas dos adubos, as mais importadas são as derivadas do potássio (90% do consumo), seguidas por nitrogênio (73%) e fosfato (49%).
