A colheita mecanizada avança nas lavouras de cana de São Paulo. Na região de Piracicaba, a contratação de trabalhadores vem diminuindo nas últimas safras.
O trabalhador rural José Pereira da Silva Filho deixou Alagoas há cinco anos para cortar cana na região de Piracicaba. Mas com o avanço da colheita mecanizada ele já pensa na volta. Eu estou pensando em arrumar um serviço na cidade, se conseguir. Se não conseguir, estou pensando em vender minha casa e ir embora, falou.
Eles ganham em torno de R$ 3,00 por tonelada de cana. No mês melhor eu recebo uma média de R$ 1,4 mil a R$ 1,5 mil. Em mês chuvoso, chega de R$ 1,2 mil a R$ 1,3 mil, falou o trabalhador rural José Delmondes Nascimento.
Agora, eles enfrentam uma concorrente incansável e mais produtiva. O trabalho de um dia de uma colheitadeira equivale ao de quase cem pessoas.
Os números da associação dos produtores de cana revelam o corte da mão de obra. Há cinco anos, a região de Piracicaba contratou 18 mil trabalhadores para a safra. Este ano, foram apenas três mil. A previsão para 2010 é reduzir ainda mais o quadro.
Nós acreditamos que dos três mil que temos na nossa região deverá cair 50%, avaliou José Coral, presidente da Associação de Fornecedores de Cana.
As máquinas farão todo o trabalho de colheita até 2014 nas grandes áreas e até 2017 nas pequenas. Isso ficou determinado no pacto entre governo, produtores e usineiros para o fim das queimadas. Na região de Piracicaba, sessenta por cento das propriedades já utilizam máquinas que substituem o trabalho do homem.
Na área com quase quatro mil hectares a colheita com máquinas atingiu até agora apenas 20% da lavoura. Mas as contratações caíram bastante.
Na safra 2008/2009 eu estava com 200 cortadores. Esse ano, caiu para 152. Em 2010/2011 eu acho que deve ir para 50, disse o agricultor Odair Novelo.
Quem ficar para a próxima safra ainda pode ter uma pequena chance de continuar na empresa.
São Paulo produz 57% da cana cultivada no Brasil.
