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Maçã

16/10/2009
As empresas produtoras de maçã vivem em 2009 um dos seus piores anos. Com queda significativa nas exportações da fruta, o setor, cuja produção concentra-se no Sul do país, enfrenta um mercado interno de preços deprimidos em plena entressafra. "Este é um ano que certamente todos vão querer esquecer", resume Pierre Nicolas Pérès, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM). De acordo com dados apurados pela Epagri/Cepa, empresa de pesquisa agrícola do governo de Santa Catarina, o setor exportou 93,3 mil toneladas no primeiro semestre, um recuo de 9,6% em relação ao mesmo período de 2008 - os embarques concentram-se entre fevereiro e junho, logo após a colheita. O volume correspondeu a US$ 53,8 milhões, queda de 27% em comparação com o ano anterior. O recuo das exportações mostrou que mesmo a maçã, que poderia passar ilesa pela crise econômica mundial em razão de ser um alimento barato e de consumo em domicílio, também sofreu com o declínio da demanda. Somada a esse fator esteve a valorização do real, que diminuiu o interesse de empresas brasileiras pela exportação. A Renar, indústria de Fraiburgo (SC), reduziu neste ano os embarques para 2,2 mil toneladas - em 2008 haviam sido 5,2 mil toneladas. A empresa processou cerca de 44 mil maçãs em 2009. Já a Cooperativa Sanjo, de São Joaquim (SC), deixou de exportar há cinco anos e não teve interesse em reabrir o mercado externo em 2009 em decorrência das condições não favoráveis para isso. A Sanjo processa 30 mil toneladas de maçã por ano. A Rasip, de Vacaria (RS), por sua vez, manteve a exportação em 10% do seu processamento: 4 mil toneladas. A retração do mercado externo não podia ter ocorrido em momento mais desfavorável. Ela ocorreu ao mesmo tempo em que a safra do ano também atingiu volume elevado, de 1 milhão de toneladas, cerca de 10% acima da colheita de 2008. "As empresas esperavam uma exportação maior porque o volume produzido também foi superior neste ano, mas o escoamento das exportações não foi tão veloz nem em grandes quantidades", diz Anderson Tholozan, gerente comercial da Rasip. Como efeito da queda das exportações em meio a uma produção farta, o mercado interno tem apresentado excesso de oferta e preços baixos. Segundo informações do setor, o recuo dos exportações elevou os estoques em 20%. Para Roberto Katto, presidente da Sanjo, cooperativa com 80 produtores associados, o mercado está em um de seus momentos mais "difíceis" porque a safra, além de grande, é de pouca qualidade. Segundo ele, o produtor recebeu 30% menos neste ano pelo quilo da maçã do que em 2008: R$ 1,20, em média, em comparação com R$ 1,70 por quilo do ano passado. Levantamento da Epagri/Cepa mostra preços reduzidos no mercado nacional mesmo na entressafra, momento habitualmente de ascensão. Uma caixa de 18 quilos da maçã gala, composta por 70 a 120 frutas, foi vendida no atacado, em setembro, por R$ 22,22, um recuo de 43% em relação aos R$ 38,95 de setembro de 2008. A caixa de 18 quilos composta por 120 a 135 frutas era vendida a R$ 25,78, queda de 22% em relação ao mesmo mês de 2008, quando seu preço era de R$ 33,18. Pérès diz que é difícil explicar os preços baixos neste segundo semestre. "Houve alguma queda de exportação, o que elevou os estoques, mas eles já não estão mais tão altos assim. Eram elevados em junho, mas agora existe também no mercado interno o efeito uma fruta de má qualidade. Essa fruta foi colocada no mercado e está impedindo que o preço suba", diz. Essa maçã sofreu com granizo leve, mas em quantidades frequentes, avalia o presidente da ABPM. A fruta ficou problemas de aparência: formato irregular e marcas na casca, mas não a ponto de ser descartada para o processamento no setor industrial, que geralmente usa maçã de qualidade inferior para a produção de doces. "Ela acabou sendo colocada para venda in natura. O consumidor até compra essa fruta, mas não quer pagar muito por isso". O setor vive neste momento a fase da florada nas macieiras, a prévia da nova colheita, que ocorrerá a partir do primeiro trimestre de 2010. Houve fortes chuvas nesta etapa, o que pode prejudicar a polinização pelas abelhas e resultar em uma produção menor de frutas. Por enquanto, a ABPM diz, contudo, que é cedo para fazer previsão de safra. Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis


Vanessa Jurgenfeld,
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