O prejuízo com as lavouras de trigo fez aumentar o número de pedidos de seguro no Paraná. O excesso de chuva é o principal motivo das perdas.
Nas cooperativas está o estoque de trigo que não tem comprador. O produtor Edmundo Tide colheu 30 sacas por hectare, 20 a menos que na última safra. Por causa do excesso de chuvas, os grãos vieram com baixa qualidade
"Eu acionei o seguro Proagro, mas, mesmo assim, vão ficar contas para trás, porque ele não consegue cobrir 100% do custeio que eu fiz. Então, ainda vão ficar, calculo eu, de 20% a 30% em aberto. Eu vou tentar prorrogar para o ano que vem, este ano eu não consigo fechar a minha conta, conta.
No Paraná, 61% da safra de trigo foi colhida. Na região norte do estado, o índice é de 100%. Com isso, já é possível avaliar o prejuízo dos produtores. A produção no Paraná deve ficar em 3,2 milhões de toneladas: 13% menor do que a anterior.
O produtor Cláudio Levy plantou 77 hectares com trigo e esperava colher 55 sacas por hectare, mas conseguiu apenas 15. Ele já acionou o seguro, mas vai terminar o ano no vermelho.
"Lucro, não teve nada. Foram praticamente seis meses sem receita nenhuma. Agora, tem que comer as reservas e tentar outros financiamentos para se manter", diz.
O número de pedidos do Proagro para o trigo quase triplicou no Paraná. Foram 2 mil 258 pedidos este ano, contra 784 na safra passada. Só na região de londrina os pedidos passaram de 12 para 426.
"Fomos pegos de surpresa, porque, até então, nós tínhamos perspectivas excelentes para a safra de inverno. Isso demanda muito trabalho, muita análise, demora e ocasiona, sim, certa preocupação. Porém, todos os casos serão analisados e a gente tem convicção de que chegaremos a bom termo lá no final", diz Flávio Mazzaro, superintendente regional do Banco do Brasil.
Não é só o Brasil que enfrenta problemas com a safra de trigo. Em todo o mundo, a produção pode cair 14 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
