Áreas Remotas e Sem Presença Humana tornam os incêndios ainda maiores no Pantanal, segundo Associação

Nas últimas semanas, o Pantanal vivenciou mais um episódio de incêndios devastadores. Ainda estão sendo calculados os danos, mas de acordo com a Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), algumas propriedades perderam cerca de 90% de suas áreas. Os incêndios foram ainda mais intensos em áreas sem atividade pecuária, incluindo reservas legais e áreas de preservação permanente.

"Estivemos no Pantanal ao norte do Mato Grosso do Sul e pudemos testemunhar o fogo, que se originou principalmente no Mato Grosso, ultrapassar o rio São Lourenço. Isso significa que as colunas de fumaça e chamas eram tão volumosas que conseguiram, com a força do calor e do vento, atravessar um rio que, em alguns trechos, tem até 200 metros de largura. Quando ocorrem incêndios nessas áreas específicas, sem presença humana e com um grande acúmulo de biomassa, torna-se impossível controlá-los. Por isso, é crucial debatermos e empreendermos esforços para evitar que isso se repita em tal escala, pois já possuímos conhecimento e experiência acumulada para isso", explica Eduardo Cruzetta, presidente da ABPO, produtor pantaneiro e engenheiro agrônomo.

O produtor rural João Carlos Marson, que está próximo a BR262 que liga Campo Grande a Corumbá/MS, relata que o fogo está iminente mas ainda não atingiu sua propriedade, graças ao manejo correto implementado.

“Fizemos os aceiros em todas as divisas, internamente limpando as cercas. Rechecamos todos os equipamentos para a brigada de incêndio, que ainda tem uma só. Equipamos tratores com bomba d'água e com tanques d'água, mas estamos aqui com a atenção voltada aos focos de incêndio que estão pertos aqui da propriedade.”, explica o pecuarista. 

Na tentativa de orientar os produtores, a ABPO incorporou à sua rotina de produção a NT 45 do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul. Essa normativa visa à divulgação de medidas de prevenção e combate a incêndios florestais, além da formação de brigadas de incêndio. A Associação enfatiza que a pecuária no Pantanal desempenha um papel ecológico crucial na manutenção do bioma, apesar das dificuldades em competir com outros biomas, e destaca que esse papel deve ser reconhecido e valorizado pela sociedade.

"É essencial reconhecermos a importância ecológica do gado e da atividade pecuária no bioma pantaneiro. Devemos buscar melhorias nas pastagens, seja através da substituição por pastagens exóticas ou do manejo adequado das pastagens nativas. É fundamental criar mecanismos que facilitem a execução do manejo das pastagens utilizando o fogo na época apropriada. Isso inclui o uso do gado e a queima controlada em parques e áreas de reserva", enfatiza Cruzetta.