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Prejuízo e incerteza no cultivo de pêssego no RS

07/03/2010
A safra de pêssego 2009/2010 encerrou-se deixando inúmeros prejuízos e a indecisão sobre o futuro dos pomares na Zona Sul do Estado. Em época de tratamento pós-colheita, grande parte dos produtores hesita até mesmo em realizar podas e investir em produtos fitossanitários. Uma sucessão de dificuldades tornou esta uma das safras mais frustrantes dos últimos tempos e deixou um saldo de fruticultores endividados. "A primeira dificuldade foi a dúvida em relação à colocação da fruta, já que indústrias manifestaram, desde cedo, que não tinham condições de absorver todo o pêssego", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas, Nilson Loeck. Também foram impostas novas medidas para a classificação da fruta no recebimento na indústria. O pêssego tipo 1 passou a ter exigidas dimensões de 57 a 60 milímetros, mas o preço do quilo se manteve nos mesmos R$ 0,60 pagos no ano passado pela fruta de primeira. O frete da propriedade até as fábricas, alegam os fruticultores, também ficou por conta do produtor. Um integrante da indústria da região explica que os novos padrões exigidos são decorrentes de ajustes de produção para adaptação a um mercado onde a produção local enfrenta concorrência direta dos importados. Como se não bastassem as dificuldades mercadológicas, o clima também castigou o produtor, com excesso de chuvas nas épocas de floração e maturação, o que resultou em surto de podridão em algumas variedades e perdas superiores a 50%. Quando a chuva deu trégua, o clima foi responsável ainda por encurtar o ciclo das variedades mais tardias, que juntaram a floração e amadureceram todas de uma vez, com o consequente acúmulo de fruta na porta da indústria. "Aqueles que recorreram ao sistema de resfriamento na Cesa tiveram prejuízo maior do que se tivessem deixado a fruta no pé", constatou Loeck. Segundo ele, além de pagarem a armazenagem e o frete, perderam a fruta por má conservação. O gerente da unidade da Cesa, Vanderci Hackbart, explicou que perda não se deve a problemas na armazenagem, mas pela fruta já ter chegado com podridão e maturação adiantada. A Conab sinalizou ajuda com a destinação de R$ 6 milhões para a aquisição da fruta de pequenos produtores. Mas a ação não foi suficiente para enxugar o mercado. "Queríamos tirar 15 milhões de latas de conservas do mercado, mas a negociação envolveu pouco mais de três mil quilos de fruta por produtor", frisou Loeck. A Conab adquiriu 2,1 milhões de latas de pêssego, o que envolveu pouco mais de R$ 4 milhões. A estimativa do presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Pêssego (AGPP), Dari Bosembecker, é que a produção total da fruta na região não tenha ultrapassado 40 mil toneladas e que a industrialização não atinja as 40 milhões de latas. O número é inferior ao ano passado, quando foram fabricadas 45 milhões de latas. O Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas ainda espera reunião com as empresas para avaliar a safra. Correio do Povo Autor: LUCIARA SCHNEID
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