Variedades de feijões crioulos têm resgate iniciado em Sobradinho
19/06/2012
A Emater/RS-Ascar iniciou o resgate de variedades crioulas de feijões em Sobradinho, na região Centro-Serra, uma das mais tradicionais zonas de cultivo de feijão comum (preto) no Estado. Na região, o feijão é uma das culturas mais rudimentares, mas com grande importância econômica e social. Variedades crioulas são aquelas que ainda não foram modificadas, seja pela biotecnologia ou por outros processos de melhoramento científico.
A importância deste conjunto de ações está em localizar os agricultores que produzem sua própria semente e catalogar as diversidades que ocorrem em nossa região, fortalecendo sua importância e valorizando o esforço de nossos agricultores, avalia a responsável pelo resgate e extensionista da área de Bem-Estar Social do escritório municipal da Emater/RS-Ascar de Sobradinho, Marinez Busatto.
A proposta inicial é organizar um grupo de famílias guardiãs de sementes, ou seja, um grupo de agricultores e agricultoras que farão o plantio, a colheita e a disseminação do grão. A aproximação inicial sobre o tema com os agricultores foi feita através de grupos de mulheres, os quais reúnem aproximadamente 35 famílias. Após o término desse trabalho, esse banco de dados estará disponível a atores locais (agricultores familiares, pesquisadores e profissionais da área) para que o processo de repasse de sementes e sua preservação continuem para outras gerações.
O trabalho também foi lançado em três escolas do interior. Durante as palestras sobre educação alimentar nas escolas, fizemos levantamento de 16 variedades de feijões e o desafio foi aceito com muito entusiasmo pelas professoras e pelas crianças, afirma Marinez Busatto. Os estudantes também serão convidados a participar de um grupo de guardiães juvenil, medida que assegura a continuidade do banco de sementes, diz Marinez.
De acordo com a extensionista, foram identificadas as espécies crioulas chumbinho, cavalo, enxofre, rosinha, carioca, turialba, IAC, UNA, BRS, valente, amendoim, milico, guabiju, moro e taquara. Os grãos foram recolhidos e expostos durante o Festival da Feijoada, enquanto as comunidades do interior do município realizavam reuniões sobre o resgate e troca de experiência sobre as diferentes formas de preparo e cozimento.
A volta às técnicas tradicionais recupera a cultura do campo, renova a relação do produtor com a terra, inclusive as manifestações étnicas e os festejos populares. As mulheres e alunos das escolas do interior começaram o resgate nas reuniões e visitas de campo para recolher as amostras das sementes, trazendo o que plantam nas comunidades e fazendo o intercâmbio de sementes. E o que a experiência mostra é que ter semente própria e de qualidade é o primeiro passo para a produção agroecológica, diz Marinez.
Feijão comum preto
O feijão é a principal fonte de renda para mais de 150 famílias da região, que executam todo o processo, desde o tratamento da terra, passando pela irrigação, até a colheita. Desse total, cerca de 25 famílias destinam a produção para o mercado e o restante, para subsistência. Os produtores também estão ampliando sua atuação ao vender o produto para a alimentação escolar através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). De acordo com a Emater/RS-Ascar, aproximadamente 3,2 mil hectares são utilizados para plantação na região, sendo que, em Sobradinho, a área ocupada com a cultura atinge 200 hectares e a produção de feijão é de aproximadamente 162 toneladas/ano.
Emater - RS
Autor: Helena Boucinha