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Presidente da Faesc fala do futuro da agricultura

11/09/2011
“Preços continuarão subindo”, diz José Zeferino Pedrozo A complexidade de legislação ambiental brasileira, a instabilidade econômica internacional e a volatilidade dos mercados deixam os produtores rurais ansiosos com o futuro da agricultura e do agronegócio. Nesta entrevista, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, fala dos futuros cenários que emoldurarão a agricultura. No Brasil, a questão ambiental ainda assusta quem produz? José Zeferino Pedrozo - Sim, mas tenho fé que o projeto do novo Código Florestal brasileiro permita a regularização da situação dos produtores rurais do País. Sem a atualização da legislação ambiental, o Brasil terá dificuldades em cumprir sua parte no esforço mundial de redução, pela metade, da fome no mundo até 2015, uma das metas do milênio da ONU. Nesse contexto, a ONU estabeleceu para o Brasil o objetivo de ampliar em 10 milhões de hectares a área de produção. A agricultura brasileira é sustentável? Pedrozo - A situação ambiental de nossa agricultura é muito boa. A produção de alimentos, a silvicultura e os biocombustíveis ocupam 236 milhões de hectares do território brasileiro de 851 milhões de hectares, segundo o IBGE. Nas propriedades, 93,9 milhões de hectares estão preservados como florestas nativas. A maior parte do território brasileiro (61%), portanto, está conservado. A nossa presidente Kátia Abreu realça que, sem a atualização do Código Florestal brasileiro, outros 80 milhões de hectares que estão dentro das propriedades deixarão de produzir comida nos próximos anos para dar lugar a Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de reserva legal. A nova lei ambiental, em apreciação no Senado, anistiará quem destruiu recursos naturais? Pedrozo - Não. O texto não anistia produtores rurais, que terão que recuperar áreas que podem ter sido desmatadas quando a lei permitia, recuperando danos ambientais, se quiserem regularizar a sua situação. Nenhum dos 69 artigos do relatório do deputado Aldo Rebelo, aprovado na Câmara dos Deputados, implica em desmatamento. Qual é o futuro da agricultura? Pedrozo - Um amplo estudo conjunto da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), recentemente divulgado, revelam que na próxima década haverá preços elevados e grande volatilidade internacional, mas o Brasil pode ser um dos países mais beneficiados. Qual é o objetivo dos países avançados em relação ao setor primário? Pedrozo - É estimular o aumento da produção global e reduzir a volatilidade nos mercados de commodities agrícolas, que nos últimos anos alimentaram os índices inflacionários. Os preços de muitas commodities básicas para a produção de alimentos deverão se manter em patamares mais elevados se comparados aos da década anterior. No curto prazo, a produção agrícola deverá crescer, estimulada pelos bons preços. Mas a expansão agrícola global será modesta. A maioria das colheitas tende a se expandir menos, especialmente no caso de oleaginosas (grupo que inclui a soja) e grãos forrageiros (milho entre eles). A pecuária manterá o ritmo dos últimos anos. Os custos de produção e os preços dos alimentos continuarão em alta? Pedrozo - Os custos da produção agrícola estão em alta e o crescimento da produtividade em queda. Se levarmos em consideração os estudos da FAO e da OCDE, os preços, em média, subirão até 50% no caso das carnes e 20% no dos cereais nos próximos anos. O Brasil, principal país exportador de carnes, com 25% do mercado mundial, tende a abocanhar boa parte do ganho. É sabido que os maiores crescimentos da oferta virão de fornecedores que detêm boas tecnologias. Isso é bom para o produtor e ruim para o consumidor? Pedrozo - De certa forma, preços mais elevados são um sinal positivo para a agricultura que tem sofrido declínio real nos custos das commodities há muitos anos. Esses preços podem estimular investimentos no aumento da produtividade e da produção para atender a crescente demanda por alimentos. Como vai se comportar o mercado mundial? Pedrozo - Essa é a grande indagação. O crescimento da população e o aumento da renda na China, Índia e outros países emergentes sustentarão as compras de carne, lácteos, óleos vegetais, arroz e açúcar. Mas o Brasil precisa rever sua política cambial. As informações são da da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).
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