Em maio, os preços mundiais mostraram uma tendência baixista, mas somente a partir da segunda quinzena do mês. As disponibilidades de exportação da Tailândia e do Vietnã principais exportadores mundiais -, o anúncio de retorno do Myanmar ao mercado de exportação e a oferta abundante dos países do Mercosul pressionam os preços para baixo. Estas disponibilidades de exportação, amplamente excedentes, deveriam pesar ainda mais forte sobre os mercados mundiais durante a segunda metade do ano, especialmente sobre os preços de arroz de baixa qualidade e dos parboilizados. A demanda mundial poderia, por sua vez, manter-se estável devido às perspectivas de crescimento da produção mundial, inclusive nos países importadores do Sudeste asiático e África subsaariana. Filipinas e Nigéria, dois grandes importadores mundiais, anunciaram que esperam reduzir significativamente suas importações nos próximos meses e anos que estão por vir.
Em maio, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu levemente 1,6 pontos, marcando uma média de 227,4 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 225,7 pontos em abril. No início de junho, o índice IPO havia caído para 224 pontos.
Segundo a FAO, a produção mundial em 2010/2011 deve alcançar um volume recorde de 700 milhões de toneladas (466Mt na base arroz branco) contra 683Mt de arroz em casca em 2009/2010, aumento de
2,5%. As colheitas têm melhorado em quase todas as regiões arrozeiras do mundo, graças a uma extensão das áreas de cultivo, as quais alcançariam cerca de 162 milhões de hectares. O incremento da
produção deverá ocorrer, sobretudo, em regiões asiáticas, especialmente na China, India, Indonesia e Bangladesh, maiores produtores mundiais, com um terço da produção mundial. As primeiras projeções para a temporada 2011/2012 indicam um novo aumento da produção, de 3%, para 720Mt (480 Mt base arroz branco).
Em 2010, o comércio mundial subiu 6,3% para 31,5Mt contra 29,6Mt em 2009. Em 2011, os fluxos comerciais devem manter-se relativamente estáveis a 31,8Mt. Portanto, as disponibilidades exportáveis dos principais exportadores serão amplamente suficientes para atender à demanda mundial.
Os estoques mundiais de arroz, no final de 2010, aumentaram 4,6% para 131,3Mt contra 125,5Mt em 2009. Estas reservas representam 30% das necessidades mundiais. Em 2011, as projeções para os estoques mundiais foram revisadas novamente, eles podem crescer para 138,9Mt.
Na Tailândia, os preços se mantiveram firmes no início de maio e começara a baixar somente em meados do mês. A demanda se faz relativamente escassa e a competição com o Vietnã é cada vez mais agressiva. A revalorização do dólar frente ao bath também tem contribuído para o declínio dos preços expressos em dólar americano. As exportações tailandesas em maio caíram um terço em relação a abril.
Ainda assim, estas se mantêm em forte alta de 50% com relação à mesma época do ano 2010. Em 2011, as exportações totais podem ultrapassar as 10Mt. Em maio, o Tai 100%B ficou na média de US$ 496/t Fob contra $ 498 em abril. O Tai Parboilizado continuou estável a $ 506/t. O quebrado A1 Super, por sua vez, resistiu e subiu $ 9/t, passando para $ 416/t, frente a $ 408/t em abril.
No Vietnã, os preços de exportação também se reafirmaram no início de maio, para depois inverter a tendência, que prossegue no início de junho. O retorno do competidor Myanmar e os amplos excedentes de exportação podem puxar os preços ainda mais para baixo. Por outro lado, as perspectivas de uma boa colheita de verão-outono indicam que a oferta vietnamita será satisfatória nos próximos meses.
Durante a primeira metade do ano, as exportações podem alcançar 4Mt, aumento de 10% em relação ao ano passado, na mesma época. Em maio, o Viet 5% marcou $ 473/t contra $ 461/t em abril. O Viet 25% subiu também para $ 438/t contra $ 426 anteriormente.
No Paquistão, os preços caíram 2% em um mês. As boas condições climáticas permitem esperar um retorno a níveis de produção mais normais. Portanto, as perspectivas de exportação foram elevadas. Estas poderiam alcançar cerca de 3,5Mt, queda de soamente 12% em relação a 2010. O Pak 25% foi cotado a $ 429/t contra $ 439/t em abril.
Na India, apesar das perspectivas de uma colheita recorde em 2011, de 100Mt, as autoridades federais mantêm as restrições de exportação de arroz não aromático. Sem embargo, o Estado de Andhra Pradesh, no Sudeste do país, anunciou que permitiria as exportações, mas por um período de apenas dois meses. Por outro lado, as vendas externas de arrozes aromáticos de tipo Basmati não têm restrições e devem aumentar devido à forte demanda do Oriente Médio.
Nos Estados Unidos, os preços de exportação se mantiveram relativamente firmes. As perspectivas de uma redução das áreas plantadas, devido a péssimas condições climáticas e preços ao produtor menos remuneradores, podem elevar os preços de exportação nos próximos meses. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços futuros se recuperaram no final do mês, alcançando novamente os níveis do início do mês. Em maio, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 520/t contra $ 516 em abril.
No Mercosul, os preços de exportação continuam baixos. Os países da região provavelmente terão colheitas recordes neste ano, e os excedentes de exportação também são grandes. Portanto, as políticas comerciais, especialmente no Brasil, buscam desenvolver instrumentos que incentivem as exportações.
Na África, a reativação da produção arrozeira tende a estabilizar as importações. Certos países, como Nigéria e Senegal, esperam poder reduzir significativamente suas importações, pelo menos a médio prazo, pois por enquanto o auto-abastecimento continua sendo um objetivo remoto. A
África Subsaariana representa o principal pólo de importação, com quase um terço das importações mundiais.
CIRAD - Osiriz/InfoArroz