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Ovinocultura de corte no Brasil: Abordagem mercadológica

30/09/2009
A criação de ovinos vem se destacando a cada dia e já se tornou mais uma alternativa para o produtor rural. A produção nacional de carne de ovinos de 2003 a 2005 cresceu cerca de 6,5%, significando o maior avanço relativo dentre os principais tipos de carne, embora ainda represente apenas 5% do volume total. Esse expressivo aumento da produção de carne ovina no Brasil pode ser explicado pela implantação e expansão da ovinocultura de corte em outras regiões do país que vem acontecendo desde 1992, com muito sucesso. Como é o caso do Norte, Sudeste, Centro-Oeste e Sul, regiões que apresentam territórios amplos e com enorme potencial para a exploração semi-intensiva e intensiva dos ovinos de corte. A área territorial brasileira possibilita um crescimento numérico dos rebanhos ovinos, mas para isso é fundamental que as ações não sejam focadas somente na produtividade, mas também no máximo retorno econômico. Sendo assim, o custo de produção, a diversificação da produção, a qualidade de produtos e serviços, a constância da oferta, a logística e a competitividade são primordiais para o crescimento e desenvolvimento da ovinocultura de corte. Dados do IBGE, apresentados no ANUALPEC 2006, mostram a evolução do rebanho ovino no Brasil, que apresentava, respectivamente, em 1997 cerca de 14.568.745 e em 2006, segundo uma estimativa do Instituto FNP, 17.105.572 cabeças de ovinos. Isso representa um aumento de 17,4%, num período de nove anos. A Figura 1 mostra como se deu a evolução. Sem dúvida a ovinocultura de corte não está mais engatinhando, já está dando passos largos, mas muita coisa ainda precisa ser feita para equilibrar o setor e principalmente mostrar segurança necessária que permita a entrada de grandes investidores, fatores fundamentais para a organização da cadeia. Muito se discute sobre a organização do setor de ovinos no Brasil e a necessidade de estruturação entre os elos dessa cadeia produtiva para possibilitar um desenvolvimento sustentável. São várias as sugestões para que a atividade adquira importância econômica no cenário nacional e até internacional. O consumo de todas as carnes vem crescendo no Brasil e no mundo em proporções maiores que o aumento populacional, e a preocupação com a ingestão de alimentos leves, saborosos e saudáveis vêm de encontro às características da carne de cordeiro, daí podemos perceber nossa maior potencialidade: mercado franco e certo. Com tudo, é fundamental que se tenha em mente a importância em se aproveitar o aumento da demanda e os amplos territórios nacionais para aumentar a produção e a disponibilização de carnes de animais mais jovens, isto é, cordeiros para os consumidores, com constância na oferta, segurança alimentar e a preços competitivos, favorecendo o fortalecimento das atividades e a conquista e expansão dos mercados. Assim, dentro de alguns anos, o Brasil pode tornar-se um grande produtor de carne ovina. O consumo brasileiro está estagnado em 700 gramas per capita anual, o que é considerado pequeno perante a Argentina que apresenta 1,4 kg, Europa com 27 kg e a Nova Zelândia e Austrália com 42,2 kg e 20,2 kg por habitante por ano, respectivamente. Enquanto as carnes bovina e de frango (Tabela 1) apresentam um consumo anual per capita de 20,89 kg e 34,29 kg, respectivamente, apenas 0,65 kg de carne ovina é consumida anualmente. Isso acontece, pois o consumo de carne ovina é influenciado principalmente pelo preço do produto, pela renda per capita dos consumidores e pelos preços das carnes concorrentes, assim, quando se leva em consideração o preço e a preferência dos consumidores brasileiros, as carnes de frango e bovina são mais baratas e, portanto, mais consumidas. TABELA 1 - Consumo de carnes no Brasil (em kg/ ano/ per capita). Para que o mercado seja conquistado e mantido estável ou crescente é imprescindível: a) que se mantenha a oferta constante do produto; b) que este seja proveniente de animais jovens e bem acabados; c) que a carcaça apresente boa conformação e tamanho compatíveis com as exigências de cada mercado e, e) que os preços sejam competitivos. Podemos notar que atravessamos ainda a fase em que o empresário da indústria frigorífica e de insumos não investe muito por não haver produção, e do outro lado os criadores não aumentam seus rebanhos por não terem acesso a frigoríficos e distribuidores, resultando numa produção que podemos chamar de “fundo de quintal”. Produtores reclamando de baixos preços e dificuldade em vender e os frigoríficos por sua vez reclamam da má qualidade dos produtos, da pequena escala de produção e da despadronização da oferta. Os produtores precisam se unir para determinar uma escala de produção e atender a determinados nichos de mercado, como fazem os grandes criadores e investidores na produção de genética. União e organização são as palavras chave deste sucesso. Tadeu Silva de Oliveira – Zootecnista, mestrando em Produção e Nutrição de Ruminates/UFV; José Carlos Pereira – Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFV


Tadeu Silva de Oliveira – Zootecnista
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