A colheita de soja, em Mato Grosso, Estado que OFERTA a maior produção nacional do grão, entrou pelo mês de abril, mas a expectativa é que ainda nessa semana dependendo das condições climáticas seja encerrada. Importantes produtores do médio norte, como Lucas do Rio Verde, Sorriso e Nova Mutum, e do oeste como Sapezal e Campos de Júlio, concluíram os trabalhos. Ao todo, oito cidades finalizaram a safra mato-grossense 2014/15 de soja.
Conforme o Boletim da Soja, divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até o dia 2 de abril, 8,72 milhões de hectares, dos 8,94 milhões semeados, estavam colhidos, o que em percentual pontuava 97,5% da superfície total, 1 ponto percentual a menos que o registrado em igual período do ano passado, quando 98,5%, de um volume de 8,43 milhões de hectares, estavam finalizados. Como o Imea vem chamando à atenção, mesmo com atraso no ritmo sobre de trabalho, os hectares por onde as máquinas já passaram representa um volume maior na comparação sobre o processo da safra 2013/14.
Se tudo correr em favor do produtor esse ciclo, que desde o plantio vem contabilizando atrasos, deverá fechar com 14 semanas, mesmo intervalo registrado na safra passada, quando a área semeada foi 6% menor em relação à atual. Estendendo a comparação, que mensura o ritmo aplicado pelas colheitadeiras nessa safra, os ciclos 2012/13 e o 2011/12, registraram 15 semanas de colheita, em uma área quase 30% inferior se comparada à atual. Por mais que haja dificuldades em finalizar a região nordeste a mais atrasada pela tradição de semeadura mais tardia e a colheita crave 15 semanas, ainda assim estará dentro da média local das últimas safras. Mas, ao se analisar pela ótica do volume colhido, a temporada atual revela números inéditos.
FOCO AGORA Os sojicultores que já enceraram e os que estão finalizando a safra 2014/15, estão de olhos nos preparativos dos colegas norte-americanos, prestes a darem início ao novo clico local. A partir de agora, o desenho da safra dos maiores produtores mundiais, bem como o desenvolvimento das lavouras deles, serão fundamentais para que os brasileiros planejem a nova temporada. Tudo que vier de positivo e negativo dos Estados Unidos vai mexer com o mercado internacional da commodity, afetando mais que as cotações no disponível e no futuro, influenciando sobre o tamanho da nova safra local (MT e Brasil) e o custo de produção.
Como apontam os analistas do Imea, o tão aguardado relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) de estoques trimestrais e intenção de semeadura nos Estados Unidos, finalmente saiu na semana passada. A área semeada na safra 2015/16, segundo o órgão, será de 34,25 milhões de hectares. Para os estoques trimestrais até 1º de mar-15 da safra atual são computados 36,3 milhões de toneladas versus 27,1 milhões de toneladas aguardadas em mar-14. Como destaca o Imea, apesar de os números terem vindo abaixo do aguardado pelo mercado, dando fôlego às cotações em curto prazo, a área da próxima safra tende a ser a maior da história, podendo pressionar ainda mais os preços externos no segundo semestre do ano. Diante disso, a reversão da tendência baixista ocorrerá apenas se a demanda mundial for acima do esperado ou as condições climáticas nos EUA forem desfavoráveis para a safra, algo pouco aguardado se o fenômeno El Niño for confirmado. Assim, nos próximos meses o mercado tende a focar nas leituras climáticas, um movimento chamado de mercado de clima.
Diário de Cuiabá
Autor: Marianna Peres