Lagarta driblou agrônomos e produtores
26/03/2013
Ela provocou prejuízos estimados em R$ 1 bilhão na Bahia e em R$ 2 bilhões no Brasil. Identificada inicialmente como Helicoverpa zea, sobreviveu a até seis aplicações de inseticidas. Aproveitou o tempo seco para se multiplicar e deu verdadeiro drible em agrônomos e produtores. Agora, após identificar a espécie como Helicoverpa armigera a lagarta que está atacando as culturas do algodão e da soja em 12 estados brasileiros, o governo decidiu liberar, em caráter emergencial, a importação e uso de um produto no combate ao inseto. A substância já é utilizada, com eficácia, em países como Austrália, Estados Unidos, Japão, toda a União Européia e a África. A previsão é que a portaria seja publicada nesta semana.
A identificação da espécie ocorreu na semana passada por técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A expectativa entre os produtores é que o controle da Helicoverpa armigera seja mais fácil do que o previsto para a Helicoverpa zea . A armigera ainda não havia sido identificada no Brasil. A suspeita é que o inseto tenha chegado ao país por meio de importação de flores e outros materiais de propagação vegetativa. A zea ataca lavouras de milho e suspeitava-se que, com a extinção de predadores em campos transgênicos, havia migrado para a soja e o algodão.
Seca
O problema dizimou lavouras da Bahia, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. Os agricultores atribuíram ao inseto perdas superiores a 30% em áreas que enfrentaram veranicos o clima de deserto dificulta a aplicação de inseticida. O agravante é que a lagarta ataca folhas, entra em vagens (soja) e maçãs (algodão) e consome grãos.
Segundo técnicos e produtores, a falta de monitoramento das lavouras permitiu rápida expansão da lagarta. As fazendas mantêm dois terços das lavouras sem monitoramento semanal, apontaram. O setor recorreu à Presidência da República para que medidas sanitárias emergenciais fossem adotadas. No médio e longo prazo, as lagartas devem exigir manejo integrado de culturas, alerta a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, a Aiba.
Gazeta do Povo