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Eliminação da soja guaxa em lugares públicos não é feita

21/09/2012
90% das plantas cultivadas no vazio sanitário têm ferrugem Legalmente, não é de responsabilidade do produtor e nem do governo o trabalho de eliminação da soja guaxa que nasceu em domínios públicos que não fazem divisa com propriedades rurais, como nas margens das rodovias. Em Mato Grosso, a proliferação das plantas que se desenvolveram de forma involuntária durante o vazio sanitário, cujo período não é permitido o plantio da soja, pode trazer prejuízos incalculáveis para o setor. Cerca de 90% da soja brotada neste intervalo de quatro meses (que vai de 15 de junho a 15 de setembro) são portadores da ferrugem asiática. É por isso que o setor produtivo mato-grossense estima que aproximadamente 40% da produção de soja na safra 12/13 sejam afetados com perdas na produtividade do grão do ciclo precoce. Um levantamento in loco feito no estado apontou que 85% da soja encontrada nas rodovias, em pátios de empresas compradoras de soja e até mesmo em áreas urbanas, estão infectadas com a doença da ferrugem. O trabalho foi feito, no final de julho, pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), pela Comissão de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). De acordo com o coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Mapa, Wanderlei Dias Guerra, no total, foram consideradas 200 amostras coletadas em 217 pontos, entre cidades e rodovias. "A situação é crítica e única verificada no estado". Conforme ele, os principais municípios produtores mato-grossenses estão correndo o risco com a proliferação da ferrugem asiática na safra 12/13. Ele enfatiza que o governo tem o papel de fiscalizar as áreas e que o produtor deve, obrigatoriamente, eliminar a soja em sua propriedade e na redondeza da sua área. "No entanto, não há lei alguma que determine a retirada da planta em áreas públicas. Ainda não há pai para esse filho feio". Guerra explica que a antecipação do período chuvoso no início do vazio sanitário, entre os meses de maio e julho provocou o aparecimento da ferrugem - situação esta que não foi observada nos anos anteriores. O temor de que a ferrugem instalada na soja guaxa possa ser transmitida para as lavouras da safra 12/13 tem cunho científico. Com base nas amostras coletadas foi identificado que a doença pode permanecer em uma planta morta por mais de 40 dias. "Mesmo na folha seca o fungo continua se desenvolvendo", diz Wanderlei Guerra. O volume de plantas infectadas causa preocupação no setor. Segundo o gerente técnico da Aprosoja, Nery Ribas, o produtor precisa monitorar toda a propriedade e o desempenho da safra. O monitoramento não deve terminar com o fim da colheita. De acordo com o representante do setor produtivo, independentemente de quem seja a obrigação legal para a eliminação das plantas guaxas, o produtor acaba sendo o principal prejudicado. "Podemos perder produção e consequentemente o mercado". O coordenador de Defesa Vegetal do Indea, Ronaldo Medeiros, afirma que a conscientização para a eliminação da soja no vazio sanitário é necessária, mas que nem todos os produtores têm. Segundo ele, o aumento no número de multas aplicadas àqueles que descumpriram a determinação é resultado da falta de atenção do agricultor. De acordo com dados do Indea, foram penalizados 41 produtores no vazio sanitário deste ano, sendo resultado da fiscalização feita em 2.818 propriedades. Houve ainda 308 notificações em 2012. A quantidade de produtores multados representa um crescimento de 36% frente aos números registrados no ano passado (30). Em 2011 foram fiscalizadas 2,8 mil propriedades, sendo 300 casos de notificações. A multa é de 30 UPF´S por caso identificado, o equivalente a R$ 1,5 mil. Além disso, são acrescidas 2 UPF´s em cada hectare em que a soja foi plantada. Agrodebate.. Autor: Vívian Lessa
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