Mercado suíno em abril
10/05/2012
Em abril, os preços do suíno vivo subiram na maioria das regiões pesquisadas pelo Cepea. Os aumentos foram registrados principalmente no início da segunda quinzena do mês nos últimos dias de abril, no entanto, algumas regiões voltaram a registrar baixas. Diferente do observado neste ano, em abril de 2011, as cotações estavam em queda em todos os estados, após a forte valorização em março daquele ano. Apesar das altas nos valores do vivo em abril de 2012, as médias nominais estiveram inferiores às do mesmo período do ano passado.
O Indicador do Suíno Cepea/Esalq chegou a avançar 3,3% no estado de São Paulo ao longo de abril. Em Minas Gerais, houve alta de 2,2% no mesmo período e, no Paraná, de 4,9% - maior valorização dentre os estados. Já em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, o Indicador recuou, 2,5% e 2%, respectivamente, em abril.
As recuperações na segunda quinzena de abril estiveram atreladas à retração dos produtores, que estavam à espera de aumento nos preços. Essa estratégia, conforme os números atestam, deu algum resultado, também considerando-se o aumento das exportações em março e abril, que teriam diminuído a disponibilidade da carne suína no mercado interno. Além disso, os elevados gastos com a alimentação do animal também reforçavam a argumentação desses vendedores junto a representantes de frigoríficos. Em abril, os preços da soja chegaram a recordes históricos e, com isso, o farelo de soja também se valorizou. Os preços do milho, apesar de terem recuado ao longo de abril, ainda estão em patamares elevados em relação a anos anteriores.
Exportações
Em abril, o volume de carne suína in natura embarcado pelo Brasil voltou a aumentar. O total de 41 mil toneladas de carne foi 2% superior ao de março, conforme indicam dados da Secex. Já na comparação com os meses de abril de anos anteriores, o volume embarcado em 2012 é o menor desde 2006, quando foram exportadas apenas 26,50 mil toneladas, devido aos focos de febre aftosa bovina no segundo semestre de 2005 em Mato Grosso do Sul e Paraná.
Segundo dados oficiais sobre as compras de cada país, a Rússia voltou a ser o principal cliente de carne suína brasileira, com 13,83 mil toneladas embarcadas em abril, que representa 67,4% a mais que o volume exportado em março. Apesar desse aumento, o embargo à carne suína dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso ainda persiste. Além disso, os embarques de carne suína in natura à Argentina estão quase paralisados devido à medida do governo argentino em vigor desde fevereiro.
Além do volume, também os preços da carne suína brasileira para exportação estão baixos para um mês de abril, em termos reais. A média do último mês foi de R$ 5,08/kg, ficando acima apenas da média de abril de 2011, que foi de R$ 5,02/kg preços deflacionados pelo IPCA de abr/12; foram analisados preços desde 2004. Vale lembrar que, em abril do ano passado, a cotação do dólar foi a mais baixa desde 1999, quando o regime cambial brasileiro passou a ser flutuante.
Relação de troca e insumos
Os preços do milho recuaram em abril. Apesar da queda expressiva na produção no Sul do País, as cotações não se sustentaram devido à resistência de compradores diante dos altos preços no início do ano em boa parte das regiões brasileiras. Além disso, a necessidade de escoamento por parte de produtores e a expectativa de uma boa produção no cultivo de segunda safra reforçaram o poder de negociação dos compradores.
Neste cenário, e considerando-se a elevação nos preços do suíno vivo, o poder de compra do produtor frente ao milho aumentou em abril. No encerramento do mês, com a venda de um quilo do suíno vivo, o produtor paulista conseguia comprar 5,57 quilos de milho no encerramento de março, comprava 4,92 quilos, ou seja, o poder de compra teve melhora de 13,2%. Para o suinocultor catarinense, a relação de troca avançou 1,9%, passando de 4,19 quilos de milho no final de março para 4,27 quilos em 30 de abril.
Já os preços do farelo de soja seguem em alta, chegando a recordes nominais em muitas regiões, especialmente no Sul do País. Os principais motivos são a quebra da safra na América do Sul e a demanda firme de estrangeiros pela soja brasileira.
Em abril, o poder de compra do suinocultor frente ao farelo recuou. Em Campinas (SP), a redução foi de 6,6% no final de março, com a venda de um quilo do animal, o produtor conseguia comprar 3,04 quilos do cereal e, no encerramento de abril, 2,84 quilos. Na região catarinense (Chapecó), o recuo foi de 13,2% no fechamento de março, um quilo de suíno era equivalente a 2,49 quilos do insumo e, no final de abril, a 2,16 quilos.
Carnes concorrentes
No mercado de carnes, no acumulado de abril (entre 30 de março e 30 de abril), a carcaça especial teve aumento de 2,2% no atacado da Grande São Paulo, indo para R$ 3,71/kg no dia 30. A carcaça comum suína teve valorização de apenas 0,8% no mesmo período, com o quilo fechando a R$ 3,57 no último dia do mês.
Dentre as principais carnes concorrentes, a de frango apresentou a maior valorização em abril, de 4,6%, com o preço médio a R$ 2,75/kg no final do mês. A média da carcaça casada bovina teve elevação na primeira quinzena de abril, mas não conseguiu se sustentar e fechou o mês com estabilidade, a R$ 6,08/kg.
Nesse cenário, no dia 30 de abril, a carne suína esteve 30,3% mais cara que a de frango no final de março, a diferença era de 35,2%. Em relação à carne bovina, houve estabilidade. No dia 30 de março, a carne suína custava 41,8% menos e, no fechamento de abril, esteve 41,3% mais barata.
Cepea/Esalq