DSAnimal está vigilante
26/03/2012
A expansão da avicultura em toda a região Noroeste do Estado está deixando em alerta a Supervisão Regional de Defesa Sanitária Animal (DSA) de Umuarama. A principal preocupação do órgão é barrar a entrada do vírus H5N1, causador da Influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, nas granjas da região.
Segundo o supervisor regional Jesus Pereira Camacho, uma das principais vantagens dos aviários do Noroeste é que não há importação de aves vivas de países que passam por infestação do vírus. China, Paquistão, Indonésia e Coreias (do Norte e do Sul) são países que estão infestados de Influenza aviária, mas felizmente aqui não existe importação de aves destes países, afirmou Camacho.
De acordo com ele, o vírus poderia chegar ao Brasil carregado por aves silvestres migratórias, que se deslocam entre os continentes ao longo das estações do ano. O vírus H5N1 não causa a morte destas aves, mas pode ser transmitido delas para os frangos das mais diversas formas, explica Jesus Camacho.
A Influenza aviária é uma doença que se espalha muito rapidamente e apresenta altíssima taxa de mortalidade. O vírus pode contaminar e dizimar um aviário com milhares de aves em poucas horas, e se isso chegasse a acontecer seria necessário um bloqueio total em todo o entorno da propriedade, para impedir que a contaminação se espalhe, diz Camacho.
Desastre
A vigilância constante para conter a chegada do vírus tem motivos muito fortes. Os aviários estão se expandindo de maneira muito rápida aqui na região, e se a Influenza aviária chegar aqui é um desastre, porque o primeiro reflexo é o travamento da exportação de carne, conta o supervisor de DSA.
Se isso chegasse a acontecer haveria um desequilíbrio imediato no mercado, tendo em vista que muitos aviários hoje produzem os frangos exclusivamente para exportação, alguns deles até foram criados apenas para atender a demanda por carne de frango para outros países, e se a exportação fosse bloqueada esta carne toda precisaria ser encaminhada para o mercado nacional, disse Camacho.
Outro desequilíbrio seria notado na cadeia produtiva, visto que muitos empregos do setor hoje estão atrelados aos serviços de exportação. Em resumo, se a Influenza H5N1 chegasse a contaminar algum aviário aqui na nossa região seria uma tragédia, e por isso estamos tão vigilantes e preocupados em manter a doença longe dos nossos aviários, afirma Jesus Camacho.
Newcastle
Outra praga aviária que vem merecendo atenção constante da Supervisão Regional de Defesa Sanitária Animal é a Doença de Newcastle, assim batizada por ter sido detectada pela primeira vez na cidade inglesa de mesmo nome. Da mesma forma que a Influenza, provoca alta taxa de mortalidade e em poucas horas pode dizimar aviários inteiros que tenham sido contaminados.
O Paraná está livre da doença há mais de duas décadas, mas no Brasil a última identificação de um caso de Newcastle aconteceu em 2005, no município de Lambari (MT). Naquela ocasião, segundo Jesus Pereira Camacho, o controle foi eficiente e a doença não se espalhou para os aviários.
O grande problema é que, a exemplo da Influenza H5N1, a Doença de Newcastle é altamente contagiosa, se espalha muito rapidamente e condena toda a produção do aviário, além de bloquear automaticamente a exportação de carne de frango de todo o Estado afetado, explica Jesus Camacho.
Paraná pode ser área livre de aftosa sem vacinação até 2014
Uma iniciativa conjunta de diversas secretarias estaduais de Agricultura pode transformar, até 2014, uma grande parte do país em área livre da febre aftosa sem a necessidade de vacinação. O objetivo vem sendo buscado em conjunto pelas secretarias de Agricultura do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre, e ainda existe a possibilidade de adesão das secretarias da Bahia e Sergipe.
O objetivo do trabalho conjunto é fazer com que, dentro desta área delimitada, não entre gado vivo de outros Estados e nem de outros países, como Argentina, Paraguai e Uruguai. Assim, com a febre aftosa rigorosamente controlada nesta área, será possível declarar área livre de aftosa sem vacinação, afirma o supervisor regional de Defesa Sanitária Animal em Umuarama, Jesus Pereira Camacho.
A declaração de área livre da aftosa sem vacinação traz uma série de vantagens para os pecuaristas. Uma delas é a valorização do preço da carne, já que o gado não vacinado tem maior valor de mercado. Outra grande vantagem é a abertura de novos mercados para a carne brasileira, que atualmente enfrenta dificuldades para entrar no concorrido mercado europeu.
Se for declarada livre de aftosa sem vacinação, a carne desta área vai poder disputar mercados que hoje trabalham somente com a carne norte-americana e australiana, como Espanha, França, Japão, Itália e Inglaterra, diz Jesus Camacho. Isso representa uma enorme vantagem competitiva para os produtores, e elevaria a pecuária de corte da região a outro patamar, completa.
Adapar
Jesus Camacho destacou que a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), criada no final de 2011, será um órgão importante para acelerar os processos de reconhecimento do Estado como área livre de febre aftosa sem vacinação. No entanto, apesar de estar formalmente criada por lei estadual, a agência ainda não está operando porque não foi realizado o concurso público para contratação de pessoal.
Entre as atribuições da agência estão a promoção da defesa agropecuária e inspeção sanitária dos produtos de origem animal; prevenção, controle e erradicação de doenças animais e pragas vegetais, além do controle e fiscalização da regularidade e da qualidade dos insumos utilizados na agricultura e pecuária.
Para o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Norberto Ortigara, a estrutura da agência permitirá ao Estado avançar, com mais agilidade e competência comercial, em direção a novos mercados. Com a criação da autarquia queremos colocar a produção paranaense numa condição sanitária adequada para acessar os mercados mais exigentes do mundo, disse Ortigara.
A Adapar terá patrimônio e receitas próprias, o que lhe confere autonomia administrativa, técnica e financeira. O órgão contará com quadro próprio de pessoal, composto por 600 cargos de fiscal de defesa agropecuária e outros 600 de assistente agropecuário, que serão criados por lei. Para preencher esse quadro será realizado concurso público.
Umuarama Ilustrado