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Mercado aquecido anima produtores de café

06/06/2011
Mercado aquecido anima produtores de café no Centro-Oeste paranaense As lembranças das brincadeiras de infância nos terreirões de café teimam em permanecer na lembrança do cooperado Nelson Correia. Ainda menino, ele já ajudava a família na lida diária com as lavouras cafeeiras e sonhava em ter a sua própria lavoura. Fato que veio a acontecer pouco tempo depois do produtor instalar-se na comunidade Água Grande, região de Mamborê (Centro-Oeste do Paraná), em 1968. Diante do projeto de aproveitar ao máximo o pequeno sítio, ele decidiu, há 13 anos, implantar o café numa área de meio alqueire. José Laurindo Kraus, cooperado em Farol, ainda no Centro-Oeste paranaense, também lembra o passado quando o assunto é cultivo do café. Assim como o ‘seo’ Nelson, ele viveu a boa fase do café ao lado da família e aprendeu a gostar da cultura. E há cerca de quatro anos, resolveu apostar no plantio próprio, depois que assistiu a uma entrevista na tevê que convidava produtores a investir no café. Reservou uma área de seis mil metros quadrados na pequena propriedade e implantou cinco mil pés de café. No ano passado, com a primeira colheita, confirmou o bom negócio. Formação do cafezal O cooperado Nelson Correia conta que formou a lavoura com as próprias mãos. Ele plantou, na área, sete mil pés de café no sistema adensado. “Com o apoio da Coamo, eu mesmo produzi as mudas”, lembra. Hoje o café representa a principal renda do sítio de cinco alqueires, onde o produtor também cultiva soja e mantém uma pequena estrutura para a pecuária leiteira. Todo o trabalho no sítio é feito em parceria com a família. Colheita Neste ano, os Correia já começaram a colher a safra. A expectativa da família é retirar do campo cerca de 150 sacas de café em coco. Um bom resultado, na opinião do ‘seo’ Nelson, que não abre mão de colher o produto com a máxima qualidade possível. “Não temos pressa na colheita. Retiramos, no pano, apenas os grãos maduros. Depois secamos no terreiro suspenso, para evitar a fermentação”, revela o produtor, com um sorriso largo no roso, diante da expectativa de um bom lucro com o café neste ano. No caso do cooperado José Laurindo Kraus, a animação com o café é tão grande que ele resolveu investir mais na cultura. Neste ano, mais três mil pés serão incorporados à lavoura dele. “Já reservei as mudas e vou plantá-las a partir da primeira chuva”, conta. A alternativa também é a principal fonte de renda do produtor, que elogia o apoio que recebe da Coamo da produção à comercialização. “Com este suporte fica fácil produzir”, valoriza. Resultado O recolhimento da safra no sítio do ‘seo’ José Laurindo também já começou. Neste ano, o produtor espera fechar a safra com 100 sacas de café em coco. “Pela idade do café podemos considerar uma boa safra”, revela o técnico Rudi Ricardo Scherer, da Coamo em Campo Mourão, que assiste a propriedade. O cooperado, segundo Scherer, se dedica ao bom manejo da lavoura. “Ele realmente zela pela parte nutricional da planta e do controle de pragas e doenças do café. E no final isso faz uma grande diferença”, salienta o técnico da Coamo. O produtor é cuidadoso com a colheita. Como o ‘seo’ Nelson, ele retira somente os grãos maduros, sobre o pano. No entanto, ele prefere secar o produto no terreiro de chão, mantendo a tradição. “A verdade é que gosto do vai-e-vem do rodo durante a mexida do café; esparramo de manhã e junto à tarde com grande prazer”, destaca Kraus. E brinca: “É uma forma de voltar ao passado; e depois do café, dá até para tocar um baile”. A colheita na propriedade do cooperado deve se estender por mais uns 30 dias. Ele colhe por etapas. Não tem pressa. E conta com apoio dos amigos e vizinhos para realizar o serviço. Bom preço é prêmio para quem acreditou O café é uma boa alternativa econômica e tem uma grande importância social na vida do pequeno agricultor. A cultura absorve a mão-de-obra familiar e garante uma boa renda, sobretudo em anos de mercado aquecido, como este. Uma comparação feita pelo técnico Rudi Scherer, da Coamo em Campo Mourão, revela que um hectare de café corresponde, em rentabilidade, a até 20 hectares de soja. “Dá mais trabalho, mas se partirmos do princípio que o gostoso é ganhar dinheiro trabalhando, não resta dúvida que o café é a solução”, enfatiza Scherer. Com a colheita em andamento, os produtores mantêm um olho na safra e outro no mercado. E se a produção não promete ser dar melhores, já que este é ano de safra baixa, pelo menos os preços estão em alta. Em média, considerando o mesmo período do ano passado, a alta é de 87%. Enquanto o quilo do café em coco tipo 6,0, bebida dura, pago ao produtor, na primeira quinzena de maio do ano passado, era de R$ 3,73, neste ano o produtor recebeu em torno de R$ 7,00. “Esse aumento no preço é fruto da falta de café de qualidade no mercado”, explica o analista de mercado da Coamo, Wanderley da Silva. Ele diz que o Brasil é o maior produtor mundial de café, devendo colher, neste ano, 43,5 milhões de sacas. “O mercado valoriza a qualidade e, por isso, os produtores não devem descuidar desse fator durante a colheita”, orienta. Qualidade e secagem O agrônomo da Coamo em Campo Mourão, Gilberto Guarido, lembra que a qualidade do café é feita, principalmente, no momento da secagem. “Depois que os grãos estiverem no terreiro eles podem deteriorar, se não foram bem manejados”, informa Guarido, alertando que a fermentação do produto é o que causa maior prejuízo à qualidade final do café. O bom preço praticado atualmente pelo mercado, na opinião do agrônomo da Coamo, é um prêmio para quem permaneceu no cultivo do café. Ele afirma que a maior parte dos produtores vai comercializar a safra com um bom lucro. “No entanto, o momento não é de se preocupar muito com o preço e sim com uma colheita de qualidade, porque, certamente, o produto vai ser bem remunerado”, acentua Guarido. E alerta: “É bom o produtor ficar atento com os cuidados à lavoura e não se aventurar muito no café. O mais importante, neste momento, é zelar bem do produto que se tem na mão. Vamos passar por um período de estabilidade do clima e se ocorrer qualquer problema como o que aconteceu na Colômbia o café pode nos surpreender”. Tribuna do Interior
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