CEPAL, FAO e IICA analisam volatilidade dos preços dos alimentos
04/03/2011
A volatilidade dos preços dos alimentos tem aumentado nos últimos meses e permanecerá alta no futuro. Este é o diagnóstico da CEPAL, da FAO e do IICA em um boletim lançado nesta quarta-feira (2). O documento intitulado Volatilidade de preços nos mercados agrícolas (2000-2010): implicações para América Latina e opções de políticas detalha as características do cenário atual: mudanças freqüentes, imprevisíveis e intensas nos preços das matérias-primas agrícolas, que geram diversos impactos nos países, que variam de acordo com as condições de cada um.
Para os países especializados na exportação de matérias-primas alimentares, por exemplo, um aumento nos preços representa uma importante oportunidade para melhorar seus termos de intercâmbio, enquanto que para outros países pode representar um risco para sua segurança alimentar, especialmente para os importadores de alimentos
A grande flutuação de preços chegou para ficar, por isso, a região deve se preparar. O trabalho que hoje apresentamos pode ajudar aos países a implementar e combinar os melhores instrumentos de política tendo em conta as realidades nacionais, disse a secretaria executiva da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena.
Desde do segundo semestre de 2010 e durante os primeiros meses de 2011, os preços internacionais dos alimentos voltaram a aumentar, ultrapassando inclusive os níveis alcançados durante a crise de 2008.
A persistência da volatilidade nos preços dos alimentos seguirá representando uma grande fonte de incerteza para os produtores agrícolas, portanto, é necessário criar ferramentas que possam regular e assim fomentar o desenvolvimento agrícola na região, concordou o Oficial responsável pela Representação Regional da FAO para América Latina e o Caribe, Alan Bojanic.
Já o diretor geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Víctor Villalobos, disse que a instabilidade é a constante do cenário global e, frente a isto, é importante gerar informação que permita aos nossos países antecipar-se e tomar as decisões apropriadas; isso é o que estamos fazendo juntos os três organismos. Frente à atual situação é crucial inovar e investir mais na agricultura.
De acordo com o documento, entre as possíveis conseqüências da volatilidade dos preços figuram perdas na eficiência econômica, redução da segurança alimentar e aumento da desnutrição, assim como efeitos negativos sobre a balança comercial.
A instabilidade, também, acarreta riscos elevados para os produtores, especialmente para os pequenos agricultores, pois aumenta a incerteza sobre suas rendas. Não se pode descartar, também, a possibilidade de que os fenômenos de volatilidade desencadeiem mobilizações sociais de descontentamento, como ocorreu durante a crise alimentar de 2007-2008.
Embora o boletim advirta que não existem receitas universais para fazer frente a este cenário, se destacam os benefícios de aumentar a produção de alimentos nos países, principalmente, apoiando os pequenos produtores. Segundo as três agências, estes tem um grande potencial para incrementar sua produção de alimentos, o que pode contribuir para melhorar a segurança alimentar não apenas a nível de lares mas, também, nos âmbitos locais e incluso nacionais.
Ainda de açodo com o boletim, nas respostas sobre a alta volatilidade, os países da região tem dado relativa maior importância à inflação e ao consumidor do que ao produtor e a estrutura produtiva agrícola.
Assim mesmo, as medidas de política, em termos gerais, se centram principalmente a curto prazo, embora a busca por soluções aos problemas estruturais poderia reduzir significativamente a vulnerabilidade dos países.
O informe também destaca o papel que podem exercer os programas de transferências condicionadas em dar apoio às populações mais vulneráveis, o que pode ser um fator detonante da atividade produtiva nas zonas de extrema pobreza.
CEPAL, FAO e IICA consideram que é fundamental investir no desenvolvimento institucional do setor agrícola e designar maiores valores à agricultura. Em longo prazo é vital desenvolver mercados nacionais e territoriais, reduzindo os custos de transação para pequenos produtores e criando canais eficientes de comercialização de alimentos frescos, que conectam de forma mais direta a produção com a demanda local.
O boletim difundido é o primeiro de uma série relacionada à publicação Perspectivas da Agricultura e o Desenvolvimento Rural na América Latina e o Caribe, um trabalho que as três agências realizam desde 2009.
As informações são da assessoria de imprensa do IICA.