Brasil tem condições de se tornar grande exportador de mel
13/10/2010
Os produtos apícolas fabricados no Brasil para serem exportados precisam atender a parâmetros físico-químicos estipulados por leis. Para o engenheiro, apicultor e gerente de exportação da Apis Nativa Agroindustrial Exportadora, Tarciano Silva, o Brasil tem grande potencial de ser exportador de todos os artigos apícolas, produzindo-os com qualidade, dentro dos requisitos nacionais e internacionais.
Tarciano foi um dos palestrantes do simpósio 'Controle de qualidade dos produtos apícolas com vistas à exportação', realizado nessa terça-feira (12-10), durante o 10º Congresso Iberolatinoamericano de Apicultura, que prossegue até esta quinta-feira (14-10), em Natal, no Rio Grande do Norte. De acordo com ele, para uma empresa poder exportar produtos apícolas é preciso atender tanto a normas brasileiras quanto a regras do país de destino. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio dos fiscais federais agropecuários, realiza as atividades de inspeção dos entrepostos e Unidades de Extração de Mel (UEM) que são registradas.
Tarciano aproveitou a oportunidade para dizer que, pela primeira vez, o setor passa a contar com uma bancada no Congresso Nacional. Isso porque, após longos debates, a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel) resolveu apoiar três candidatos ao cargo de deputado federal, todos reeleitos. Eles são de diferentes partidos e estados (Santa Catarina, Paraná e São Paulo). "Agora é possível contar com três representantes para defender as entidades apícolas", disse o palestrante.
Cenário
O Brasil possui mais de 350 mil apicultores e cerca de um milhão de pessoas envolvidas na atividade melífera em todo território nacional, gerando 450 mil ocupações no campo e 16 mil empregos diretos no setor industrial. O País tem produção anual acima de 30 mil toneladas de mel, sendo metade comercializada no exterior. O Brasil está no 11º lugar no ranking mundial de produtores e no 5º entre os exportadores. "Somente nas últimas décadas, por meio do esforço pioneiro de alguns apicultores e entidades associativistas, esta atividade começou a ser fonte de sustento efetiva para o produtor rural, mas ainda se restringe a algumas regiões e produtores mais organizados", disse Tarciano.
Segundo as normas brasileiras, o mel tem que atender os requisitos presentes na Instrução Normativa nº 11, de 2000. Os demais produtos apícolas têm seu padrão de identidade e qualidade regulamentada pela Instrução Normativa nº 3. Para serem vendidos na União Europeia os produtos apícolas devem ser provenientes de estabelecimentos que aplicam um programa baseado nos princípios da Análise dos Pontos de Perigo e Críticos de Controle (APPCC), em conformidade com o regulamento nº 852/2004.
Os produtos também precisam ser manuseados, preparados, embalados e armazenados de forma higiênica, de acordo com os requisitos previstos no regulamento (CE) nº 852/004 e ter garantias de que o produto não apresente resíduos com base nas informações fornecidas pelo Programa Nacional de Controle de Resíduos (PNCR). Já para exportar para os Estados Unidos, os produtos têm de ser manipulados em condições higiênicas, isentos da adição de substâncias químicas conservantes ou corantes nocivos à saúde pública e estar em bom estado de conservação. Para cera de abelha, as autoridades americanas exigem que ela seja tratada com calor por 30 minutos a 100ºC.
O engenheiro ressaltou que o mel é o produto da apicultura mais conhecido e comercializado no mundo. Ele chamou a atenção de que todos os produtos da colmeia (mel, pólen apícola, geleia real, própolis, cera de abelha e apitoxina) são registrados no Ministério da Agricultura. Ele ainda afirmou que, embora os números relativos ao mel cresçam a cada ano e seu comércio tenha amplitude mundial, muitos países ainda não adotam regras relativas à produção, ao beneficiamento, à estocagem e à distribuiçao do mel e dos demais produtos da colmeia.
Tarciano aproveitou para fazer uma observação."A legislação brasileira é falha, pois indica quais são os limites mas não estipula quais os métodos de análise para o devido controle de qualidade do pólen apícola, havendo necessidade de revisão dessa análise. É necessária também a criação da legislação sobre mel de abelha sem ferrão e o estabelecimento dos métodos oficiais e seus parâmetros de identidade e qualidade", assinalou.
Agência Sebrae de Notícias
Autor: Regina Xeyla