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Cultura do caju

07/10/2010
Agência Alagoas - A pequena cidade de Olho D’Água das Flores, a 197km de Maceió e encravada no médio Sertão de Alagoas, deu a largada para entrar definitivamente no eixo da exportação de caju. O município é o primeiro a investir pesado na cultura do produto e quer se tornar o oásis do Estado na produção, cuja safra ocorre entre os meses de dezembro a fevereiro. O município vislumbra, a médio e longo prazos, entrar para um seleto mercado que movimenta um negócio em torno R$ 150 milhões/ano somente com a produção de amêndoa da castanha do caju. Com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Banco do Nordeste e do governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), a cidade ganhará em dezembro deste ano a segunda unidade, que vai diversificar a produção. Outro motivo para que produtores acreditem que o negócio do caju vai vingar como economia alternativa na região é um dos maiores desejos do sertanejo: o Canal do Sertão, que já avançou 45 km, vai cortar a cidade. Como prova do crescimento da atividade, Olho D’Água já é parada obrigatória para indústrias do segmento, como a Fruteb, pertencente a importante grupo sergipano. Alagoas exportou recentemente cerca de 800 caixas de castanha somente para essa empresa de Sergipe. Com as duas fábricas, a cidade terá potencial para produzir até 10 toneladas/mês ou 120 toneladas/ano. A primeira fábrica do município foi entregue em 2007, ao custo de R$ 43 mil, com a doação do prédio pela prefeitura. A segunda será entregue em dezembro, já com o financiamento de R$ 283 mil do Banco do Nordeste, divididos entre os cotistas. Nessa unidade, o município entrou com mais R$ 17 mil para aquisição do galpão. O nicho vislumbrado pelo município destina-se, tradicionalmente, ao mercado externo, especialmente a países como Estados Unidos e Canadá. Segundo dados da Embrapa, o agronegócio do caju movimenta cerca de 2,4 bilhões de dólares por ano no mundo, com esses dois países respondendo por cerca de 80% das importações. As cifras – de cara – são consideradas muito altas e irreais para a realidade da pequena cidade no momento, mas a base para que Olho D’Água alcance um status diferenciado na cajucultura já está sendo plantada como alternativa de geração de emprego, renda e de exportação. “Podemos dizer que a cidade é o primeiro município alagoano a investir pesado em fábricas de beneficiamento do caju, castanha e derivados, como suco, doces, licores e tudo o que o produto pode oferecer”, atesta o engenheiro agrônomo e um dos técnicos da Seagri que tem dado assistência técnica aos produtores da região desde o início do projeto da cajucultura, Alberto Espinheira. A base da cultura tem sido feita com a técnica de clonagem de mudas do caju-anão, cuja produtividade e lucro supera em mais de 50% a dos frutos comuns. Agricultores recebem suporte técnico da Seagri Ao entrar na cidade do caju em Alagoas, uma das primeiras visões é a seleção de sítios escolhidos para uso técnico da cultura em áreas que passaram pela chamadas unidades demonstrativas que os técnicos da Seagri ensinaram aos produtores. “Para se ter ideia do que isso significa, uma tarefa de terra por essas bandas, que antes custava R$ 300,00, agora já está sendo negociada até por R$ 3 mil”, complementa o engenheiro. Concurso – De olho na divulgação da cajucultura, o município está na expectativa de ser selecionado para o Talentos Brasil Rural, concurso que vai escolher, nesta quarta-feira (6), 101 cidades que terão direito a colocar seus produtos para o Brasil e o mundo verem. O prêmio é patrocinado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e tem o Sebrae como um dos apoiadores. “Estamos confiantes e acho que esse é outro passo para a gente fincar de vez os pés no mundo do caju e mostrar o que temos de projetos”, acredita o secretário de Agricultura do município, Silvan Roberto. Inicialmente com apenas 12 pessoas entre funcionários e sócios-cotistas, a primeira fábrica de beneficiamento de Alagoas foi inaugurada em outubro de 2007. Hoje já são 98 sócio-produtores, com capacidade anual de produção de 120 toneladas somente de castanha. “Aqui cada produtor dá uma cota de R$ 700, o que é o valor correspondente a uma muda no sistema”, explica o presidente da Associação dos Cajucultores de Olho D’Àgua das Flores, Antônio Alves da Silva. Ele aposta no modelo cooperativado. “É que o caju tem retorno garantido de 55 centavos para cada real investido e isso não tem como dar errado”, afirma o presidente da associação. “Queremos em dezembro deste ano já utilizar a segunda unidade da fábrica que terá produção mais diversificada, com fabricação de doces, sucos e outros derivados do caju”, comemora o secretário de Olho D’Água das Flores. aqui acontece
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