Palmito pupunha
23/09/2010
Planta vem sendo utilizada até na alimentação de bovinos e bubalinos
Um milhão e setecentos mil pés de palmito pupunha tomam conta da Fazenda Calil, em Juquiá, uma das maiores da região do Vale do Ribeira, e que já exporta para vários países. Do grande produtor a dezenas de pequenas propriedades, o cultivo desta planta vem se tornando uma oportunidade de geração de renda. Do cultivo à comercialização, a II Feira da Pupunha e Agronegócios de Juquiá, realizada pelo Sebrae-SP e pela Prefeitura, revelou a realidade desta cultura em expansão.
O Vale do Ribeira é uma das maiores regiões produtoras de palmito pupunha do País no biênio 2007-2008 foram registradas 459 propriedades, um total de 2.118 hectares. Hoje o Vale responde por cerca de 20% da produção do mercado nacional, disse o proprietário da Fazenda Calil, Mercê Hojeije, que é também prefeito da cidade. Juquiá concentra a maior produção da região, com 130 propriedades que garantem mil empregos no município, conforme Ilso Luiz dos Santos, diretor do Departamento de Agricultura e Turismo.
As propriedades de Juquiá somam 1600 hectares, 250% a mais do que os 638 hectares das 82 propriedades registradas no biênio 2007-2008. Em 1995/96, o município tinha apenas quatro propriedades e uma área plantada de 362,30 hectares. Se há 15 anos só havia uma fábrica, hoje já existem quatro indústrias de processamento de palmito em conserva, além de outras duas em construção.
O mercado se mostra cada vez mais interessado pelo palmito pupunha. A Fazenda Fortaleza, que comercializa anualmente 200 mil mudas, vendeu, no segundo dia da Festa da Pupunha, 2,5 mil unidades somente para um cliente. Apostamos no crescimento do mercado da pupunha. Temos 300 mil pés plantados em quatro anos de investimento e 100 mil pés produzindo, comemora a gerente Silvia Ester Godoy Leal.
No Sítio Santana, um dos integrantes da Associação dos Produtores Orgânicos do Vale do Ribeira, apoiada pelo Sebrae-SP, a produção é voltada para a pupunha in natura minimamente processada. Atualmente são 20 mil pés produzindo uma média de cinco toneladas por ano, diz Marcos Santos, que estima uma crescente demanda do produto orgânico totalmente sustentável.
O cultivo da pupunha é uma excelente alternativa econômica para os agricultores da região, por conta do clima e do solo propícios, não havendo necessidade de desmatamento da Mata Atlântica. Este foi justamente o tema do evento: Solução sustentável para um consumo consciente de palmito no mundo, prática já bastante adotada em Juquiá.
Durante a Feira da Pupunha, um grupo de produtores participantes do Dia de Campo, realizado na Fazenda Calil, teve contato com informações sobre a prática correta do corte do palmito pupunha, o que evita perdas de até 70%. Além dos negócios e das informações, o público pôde saborear receitas à base de palmito pupunha em um estande do evento. Teve pupunha assada, risoto de pupunha, torta e bolinho de pupunha, sopa de pupunha com feijão e a porção de pupunha em conserva.
Recentemente, a pupunha vem sendo direcionada também para nutrição de animais. Cerca de dez produtores da região aproveitam os resíduos de palmito pupunha na alimentação de bovinos e bubalinos, prática que foi abordada pelo zootecnista José Evandro de Moraes, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta/Vale do Ribeira) durante a feira. É uma alternativa que pode aumentar o rendimento dos animais.
Sebrae-SP garante apoio à cadeia produtiva
Apoiar o desenvolvimento da cadeia da pupunha de forma sustentável na região é um dos principais objetivos do Escritório Regional do Sebrae-SP no Vale do Ribeira, que vem trabalhando com grupos de produtores. Junto com a Prefeitura e diversos parceiros, o Sebrae-SP investe na capacitação dos produtores e em eventos como a Feira da Pupunha, uma forma de divulgar e comercializar o produto.
O município mantém um programa de estímulo ao pequeno produtor, que recebe apoio do Sebrae-SP e de vários parceiros. Reúne viveiro de mudas com venda subsidiada, pacote tecnológico, análise de crédito, capacitação por cooperativa, orientação para obter financiamento do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), e inclusão de pupunha na merenda escolar fornecida por pequenos produtores. Neste ano serão 30 produtores beneficiados.
A Feira da Pupunha foi uma oportunidade para que tanto produtores que já integram a cadeia como aqueles que desejam desenvolver o cultivo da pupunha pudessem aprender, por meio do ciclo de palestras, sobre esta palmeira capaz de produzir palmito, papel, ração animal, óleo e farinha, entre outros. Além de produtores de mudas, fornecedores de sementes e insumos, uma roça interativa chamou a atenção, apresentando todo o ciclo de produção do palmito pupunha.
Investir neste tipo de evento é uma forma de aproximar os elos da cadeia produtiva para criar oportunidade de negócios, gerando um ambiente favorável para comercialização dos produtos, seja in natura ou industrializados, informou a analista do Sebrae-SP, Cláudia Noemi Gervásio Bilche.
Além da pupunha, a convite do Sebrae-SP, durante a feira foram expostos os principais segmentos produtivos do Vale do Ribeira, como bananicultura, piscicultura, apicultura, plantas ornamentais, olerícolas (cultura de legumes, folhosas) e pecuária leiteira, cadeias apoiadas pelo Sebrae-SP.
A II Feira da Pupunha e Agronegócios de Juquiá contou com apoio da Cooperativa dos Produtores da Agricultura Familiar de Juquiá e Adjacências (Coopafarga), Associação dos Produtores Familiares do Bairro Ribeirão Grande e Adjacências (Apafarga), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) - Secretaria de Agricultura Paulista, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Sindicato Rural de Juquiá.
As informações são da assessoria de imprensa do Sebrae-SP.