Fundos passam a investir em florestas
13/09/2010
Vale, Petrobras e Caixa estão entre as empresas que colocaram recursos no setor; participação de estrangeiros também está em alta
A necessidade de matéria-prima para suprir a produção do setor de base florestal vem atraindo cada vez mais a atuação de grandes fundos de investimento, especialmente estrangeiros. As chamadas timos (do inglês Timberland Investment Management Organizations), gestoras de fundos principalmente americanos e europeus, desembarcaram no Brasil em 2001, atraídas pela alta produtividade e o avanço genético nas florestas nacionais. Estima-se que estejam em negociação hoje, pelos fundos, 250 mil hectares de áreas, dos quais 50 mil no Paraná.
Um dos primeiros a entrar nesse mercado no Brasil foi o Global Forest Partners (GFP), que no início da década comprou as florestas da Norske Skog Pisa, em Jaguariaíva, e hoje tem negócios, além do Paraná, na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Há dois anos, o grupo Zugman, que é dono das madeireiras Lavrasul, Brascomp e Lavrama e tem sede em Curitiba, vendeu áreas para a americana Resource Management Services (RMS).
Na esteira da chegada dos fundos, várias indústrias vêm estabelecendo parcerias com fundos para viabilizar investimentos em florestas. No ano passado, a fabricante chilena de painéis de madeira Masisa, que tem fábricas em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e em Montenegro (RS), anunciou uma parceria com o fundo Hancock para a compra de 40 mil hectares de terras para o plantio, com foco no Brasil. A Klabin, a Suzano e a Irani também têm parcerias com fundos para ampliar a base florestal. Para as empresas, a vantagem está em concentrar atenção e investimento em áreas que são seu foco, como a fabricação e a venda dos seus produtos.
Além dos estrangeiros, os fundos de investimento em florestas nacionais também estão se multiplicando, capitaneados por grandes grupos e fundos de investimento. O Petros, fundo de previdência da Petrobras, e a Funcef, da Caixa Econômica Federal, colocaram recursos no fundo Florestal Brasil, que tem ainda entre os sócios o grupo que controla o JBS Friboi. A Vale, por sua vez, criou a Vale Florestar, que está atuando em parceria com a Suzano. Segundo Marcelo Wiecheteck, gerente da área de economia e mercado da STCP Engenharia de Projetos, os fundos florestais também vêm diversificando os ativos, com investimentos em outras espécies de madeira, além do pínus e do eucalipto. É o caso da teka, muito comum no sudeste da Ásia, e que começou a ser cultivada em maior escala há alguns anos no Brasil. De acordo com ele, a rentabilidade média dos fundos em operação hoje no país varia de 12% a 15% ao ano.
Gazeta do Povo
Autor: Cristina Rios