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Milho garante recorde e soja terá safra menor

12/08/2010
Relatório do USDA, que será divulgado hoje, deve confirmar o bom desempenho do cereal e um recuo na oleaginosa por causa das chuvas O relatório de oferta e demanda que será divulgado nesta manhã pelo USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, será decisivo no redirecionamento das cotações da soja e do milho na Bolsa de Chicago (CBOT). O documento deve confirmar a maior safra de todos os tempos do cereal e a segunda maior da oleaginosa no país, apesar de um pequeno recuo no volume estimado de produção de soja por conta do excesso de chuvas nas principais regiões produtoras norte-americanas. Na média, a projeção dos analistas para o relatório é de uma produtividade de 2.840 quilos de soja e de 10.300 quilos de milho por hectare. O último dado do USDA, de julho, aponta 2.880 quilos para a oleaginosa e 10.260 quilos para o cereal. A maior produtividade das duas culturas nos EUA foi verificada em 2009, com 10.330 quilos de milho e 2.960 quilos de soja por hectare. Nesta quarta-feira, na CBOT, as cotações seguiram a lógica dos analistas, com soja em alta e milho estável (veja matéria abaixo). O comportamento das cotações no pregão de ontem endossa a expectativa de que o USDA deve revelar no relatório de hoje uma previsão de produtividade relativamente menor para soja, mantendo a do milho. Considerando o último dado do USDA referente à área e produção, de junho e julho, respectivamente, a safra de milho dos Estados Unidos tem potencial para 336,43 milhões de toneladas e a de soja para 91,03 milhões de toneladas. No ano passado, o cereal atingiu 330,01 milhões e a soja, 91,42 milhões de toneladas. O relatório de hoje, no entanto, pode reduzir a produtividade média e a produção total de soja para menos de 90 milhões de toneladas. Ontem, tanto no pregão como entre os analistas que operam e acompanham o mercado eletronicamente, de fora da CBOT, persistia a dúvida sobre os reais efeitos das chuvas registradas durante o desenvolvimento das lavouras. A grande maioria das consultorias aposta que o USDA deve trazer um dado de produtividade de soja inferior e de milho superior ao último relatório. Mas há quem acredite que a previsão do órgão será de um rendimento menor para as duas culturas,expectativa justificada pela intensidade das chuvas, que obrigou o replantio em algumas regiões, principalmente em Iowa, um dos estados de maior produção. Tim Hannagan, analista sênior da PFGBest.com, destaca que o relatório de hoje vai chegar repleto de informações, mas que o mercado deve se concentrar principalmente nos números de estoques. “Qualquer alteração na estimativa de produção não será suficiente para mudar a tendência de mercado”, diz Hannagan. Segundo ele, a atenção maior será com os dados de produção e estoques de trigo, que nas últimas semanas vem determinando o preço dos outros grãos, devido à safra menor na Rússia e outros países da União Europeia. James Green, presidente da corretora Rosetta Capital Mana­gement LLC, concorda. Green explica que serão os estoques que irão determinar quanto de milho será deslocado para substituir o trigo na alimentação animal e, por consequência, qual o espaço que o cereal e a soja têm para crescer em preço. Depois da euforia, preços se acomodam na bolsa Depois de uma fase de euforia, provocada pela crise do trigo na Rússia e pela firme demanda da China, as cotações internacionais dos grãos, que iniciaram a semana em baixa na Bolsa de Chicago (CBOT), esboçaram um movimento de recuperação ontem. Diante das incertezas com o relatório do USDA, em especial quanto à produtividade, a soja começou a quarta-feira em queda, mas encerrou o pregão com alta de 8,5 pontos, cotada a US$ 10,36 por bushel (27,2 quilos). O milho terminou o dia com praticamente estável, com ligeira variação negativa de 0,75 ponto, a US$ 3,95 por bushel (25,4 quilos). O trigo apresentou leve queda de 1,6 ponto, para US$ 6,93 o bushel (27,2 quilos). Mesmo com a interrupção do movimento de alta, os três produtos ainda acumulam valorização expressiva na CBOT nas últimas semanas. Desde o início de julho, a soja já subiu 10%, o milho 12% e o trigo 49%. Em dólar por saca (60 quilos), na referência de Chicago, a soja terminou a quarta-feira cotada a US$ 22,85, o milho a US$ 9,33 e o trigo a US$ 15,29. Na relação com o real, o tombo no mercado brasileiro é ainda maior. Com o câmbio desfavorável, o indicador do Depar­tamento de Econo­mia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) registrou negócios, na média do Paraná, a R$ 37,24, R$ 14,14 e R$ 22,89 a saca, respectivamente. Os melhores preços foram verificados, como de praxe, na praça de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, com R$ 41 para a soja e R$ 16,50 para o milho. Mercado interno em ritmo de entressafra Em contraste à euforia que tomou conta da Bolsa de Chicago (CBOT), o mercado interno de grãos caminha lentamente no Paraná. Nos últimos sete dias, soja, milho e trigo, principais lavouras do estado, sustentaram cotações praticamente estáveis na maioria das praças de comercialização pesquisadas pelo Departamento de Eco­nomia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A saca de soja, que no mês passado valia pouco mais de R$ 34 no Paraná (média estadual), avançou para a casa dos R$ 37 neste mês e estacionou por lá. Na última semana, praticamente não se alterou, com pequena variação negativa de 0,37% no período. O milho seguiu a mesma toada. Saiu de R$ 13 a saca no mês passado para R$ 14 em agosto. Nos últimos sete dias, apresentou ligeiro recuo de 0,21%. No trigo, locomotiva dos ganhos em Chicago, o compasso do mercado interno é ainda mais lento. Há mais de três meses o preço doméstico permanece estacionado na casa dos R$ 22 a saca no Paraná. Na última semana, manteve a tendência de estabilidade. No caso do cereal, a entressafra bloqueia o repasse dos ganhos do mercado internacional às cotações internas. Com pouco produto disponível, o mercado doméstico trabalha apenas com indicações nominais de preço. No milho, são os altos estoques internos que limitam a alta. Na soja, o desaquecimento dos negócios nos portos por causa do encerramento da safra 2009/10 reduz o potencial de valorização da oleaginosa brasileira, segundo analistas. Gazeta do Povo Autor: Giovani Ferreira, enviado especial, com Mike McGinnis
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