Produtores de SP investem no plantio do eucalipto
04/08/2010
Em busca de alternativas de renda, produtores de São Paulo estão investindo no plantio do eucalipto. O cultivo mecanizado facilitou o processo.
A cana-de-açúcar é a principal atividade na fazenda do agricultor Maurílio Cristofani, em Altinópolis, a 382 quilômetros de São Paulo. A propriedade tem 250 hectares e a lavoura substituiu a pecuária há cinco anos.
No início a gente trabalhou com pecuária. Depois de um tempo, passamos a plantar cana. Mas nas áreas que a usina achou que não era de inviabilidade de mecanização nós optamos por plantar eucalipto, justificou Cristofani.
Em 30 hectares foram cultivadas 40 mil mudas de eucalipto. O plantio foi feito por uma empresa especializada que cuida do preparo do solo, controla as formigas e levou agilidade ao processo.
O cultivo está sendo feito com o auxílio da máquina chamada de tanque de aplicação de gel. As mudas são injetadas e em seguida o gel é despejado. O produto tem a capacidade de reter a água e liberá-la lentamente no solo. Com isso, é possível diminuir o número de irrigações após o plantio. A máquina também aumenta a velocidade do serviço. No plantio convencional um trabalhador é capaz de colocar as mudas em meio hectare por dia. Com estes sistemas, são dois hectares por dia.
Em áreas degradadas ou em regiões onde o solo tem baixa fertilidade seria necessário investimento para a manutenção das lavouras com colheita anual, os produtores preferem plantar o eucalipto porque o custo de manutenção da floresta pode ser menor.
É uma cultura que vai exigir no máximo glifosato, para fazer um herbicida seletivo, e isca formicida para matar formiga, disse Fabrício Máscaro, técnico florestal.
Os bons resultados na vizinhança incentivaram o seu Gláuber Moraes, agricultor que mora em Cajuru, outro município da região. Ele queria substituir a cana em razão do alto custo de produção e transporte. Pesquisou a soja, o milho e a laranja. Depois de fazer as contas, optou pelo eucalipto em 40 hectares. O eucalipto tem várias finalidades, como papel, celulose, energia, móveis e carvão. Então, tem uma gama de oportunidades para encaixar essa madeira, justificou.
José Zani Filho é consultor florestal e dono de um viveiro que produz cerca de oito milhões de mudas de eucalipto por ano. Ele aponta que o que está puxando esses bons resultados de eucalipto é a grande procura que existe no mercado.
Hoje temos em torno de 350 milhões de metros cúbicos de consumo e só produzimos em torno de 90 milhões de metros de cúbicos de madeira. Então, este déficit de madeira estamos buscando no cerrado, devastando mata nativa. Agora, é necessário que o governo faça um planejamento para se retirar racionalmente madeira da mata nativa e incentivar o plantio de floresta de rápido crescimento, como é o caso do eucalipto, para suprir essa demanda de madeira", alertou Zani Filho.
O Ministério da Agricultura divulgou, em julho, as regras do zoneamento agrícola para o eucalipto . O documento aponta as áreas adequadas para o plantio com menor risco climático em oito estados.
Globo Rural