As exportações brasileiras de couros movimentaram US$ 791 milhões nos nove meses do ano, redução de 48%, em comparação ao mesmo período de 2008, segundo dados elaborados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base no balanço da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Mato Grosso, dono do maior rebanho bovino do Brasil mais de 26 milhões de cabeças é apenas o sexto maior exportador nacional, atrás do Ceará e Bahia, por exemplo.
Apesar dos obstáculos que o setor vem enfrentando ao longo de 2009, o balanço de setembro das vendas externas de peças em relação ao mês anterior aponta um crescimento de 10% na receita apurada, somando US$ 105,9 milhões. Em destaque a contribuição do setor curtidor para a economia brasileira, respondendo por 3,5% do saldo da balança brasileira (US$ 21,3 bilhões) no período de janeiro a setembro deste ano.
O balanço dos embarques de couros dos estados brasileiros no acumulado de 2009, ante igual período de 2008, revela que o Rio Grande do Sul segue na posição de maior exportador nacional (US$ 214,2 milhões, 27% de participação e redução de 47%), seguido por São Paulo (US$ 181,34 milhões, participação de 23% e queda de 62%), Ceará (US$ 83,8 milhões, 10,6% e recuo de 46%) e Paraná (US$ 64,51 milhões, 8,16%, e decréscimo de 18%).
Os demais estados são Bahia (US$ 59 milhões), Mato Grosso (US$ 50 milhões), Goiás (US$ 39 milhões), Mato Grosso do Sul (US$ 38,63 milhões) e Minas Gerais (US$ 30,2 milhões). Cabe ressaltar o crescimento significativo no acumulado do ano das exportações do Piauí (US$ 4 milhões e aumento de 46%) e Espírito Santo (US$ 181,8 mil, 339%).
De toda forma, o desempenho do setor poderia melhorar, não fosse o impacto da crise financeira sobre a demanda internacional por couros e a valorização do real perante o dólar, o que acaba por comprometer a competitividade do produto brasileiro nos mercados internacionais, analisa o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich.
Esse quadro é agravado por outros fatores, como as altas taxas de juros, excessiva burocracia, precariedade do sistema de infra-estrutura e, principalmente, a falta de capital de giro para as empresas curtidoras. Neste cenário, destaca o executivo, é fundamental a criação de linhas de créditos para capital de giro pelo Banco do Brasil e BNDES, a adequação de prazos e encargos de ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio), além de agilização nos ressarcimentos de créditos de exportação e autorização da compensação automática de créditos fiscais. Em contra-partida, o executivo destaca a importância do convênio firmado pelo CICB com a ApexBrasil Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, que vem reforçando a imagem e alavancando negócios do couro brasileiro no mercado mundial.
MERCADOS - Até setembro, os principais destinos do couro brasileiro foram a China e Hong Kong, ambos com US$ 297,1 milhões (37,6% de participação).
Diário de Cuiabá