Safra dos EUA ajuda milho no País; CTNBio libera 3 sementes
SÃO PAULO - O atraso na safra norte-americana de milho pode ajudar o produtor brasileiro a escoar sua produção. O grão que no País já chegou a ficar do lado de fora dos armazéns, em razão da falta de compradores, atualmente volta a ter a oportunidade de ser alvo de aquisições no mercado internacional. A aprovação de novas variedades de sementes de milho geneticamente modificada nessa quinta-feira (15), por sua vez, pode aumentar a produtividade e reduzir custos.
De acordo com a Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o mercado brasileiro, apesar de registrar ainda baixos preços, tem se mantido bem acima da paridade nos portos e os operadores domésticos têm utilizado os prêmios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para escoar uma boa quantidade de produto ao mercado externo.
Na próxima terça-feira, a estatal realizará mais um leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), ofertando prêmios para mais 800 mil toneladas de milho. No caso do Mato Grosso, o prêmio pode alcançar até R$ 6,66 a saca no norte do estado, onde o grão é comercializado até abaixo de R$ 7 a saca. "Sob estes valores, tradings têm conseguido com facilidade escoar o milho até os portos, o que vai contribuindo para a firmeza dos preços nas principais regiões produtoras do País", avalia Adriano Vendeth, responsável técnico da Gerência de Estudos Técnicos e Econômicos da Faeg.
Segundo Vendeth, com as chuvas e as baixas temperaturas nos Estados Unidos (EUA), o mercado em Chicago alcançou US$ 150 a tonelada, com uma recuperação acumulada de 20% nos últimos 30 dias, subindo ao melhor nível desde julho. A previsão é a de que as notícias sobre a evolução na da safra norte-americana continue sendo benéfica para o Brasil. A maturação do milho nas lavouras dos EUA está 20% mais baixa que a média dos últimos cinco anos. Até a segunda semana de outubro, apenas 3/4 do milho estava completamente maduro, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A colheita do milho também está em ritmo lento: 13% da safra já está fora dos campos, quando a média para o período seria de 35%.
O aumento nos embarques e a melhora dos preços internacionais já refletem no mercado interno. A demanda interna por milho sinalizou reação nas últimas semanas, após permanecer desaquecida durante parte do ano. Segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), alguns compradores fizeram estoques, inclusive, para início do próximo ano. "Produtores, no entanto, não mostraram interesse em negócios em grandes quantidades por não necessitar de caixa neste momento. Dessa forma, os preços seguiram em alta em praticamente todas as regiões analisadas pelo Cepea", disse Lucílio Alves, pesquisador do Centro.
Transgênicos
Além dos fundamentos de mercado apontarem para um cenário mais favorável aos produtores, lançamentos que prometem reduzir os custos de produção podem ser um incentivo a mais para os produtores de milho na próxima temporada.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nessa quinta-feira (15) o plantio e a comercialização de três novas variedades transgênicas no País, entre elas duas sementes de milho, uma resistente a insetos (Monsanto) e outra resistente a insetos da ordem lepidóptera e tolerante aos herbicidas glufosinato de amônio e glifosato (Dow AgroSciences e Du Pont do Brasil - Divisão Pioneer Sementes). Com essas novas liberações comerciais, o Brasil tem aprovadas 11 variedades de milho transgênicos. O plantio de transgênicos pode amenizar a redução esperada para a próxima safra. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) ao mesmo tempo em que se amplia a disponibilidade de áreas não há estímulos comerciais que possibilitem a tomada de decisão.
Além dessas duas aprovações, a Comissão autorizou a comercialização do algodão geneticamente modificado resistente a insetos da ordem lepidóptera e tolerante ao herbicida glifosato (Monsanto) e a venda de uma vacina para uso animal contra a bactéria Escherichia Coli.
DCI - Diário do Comércio & Indústria
Autor: Priscila Machado