Estados Unidos estão enfrentando
04/04/2014
EUA enfrenta epidemia do vírus Diarreia Epidêmica Suína
Os suinocultores brasileiros estão pedindo ao Ministério da Agricultura que está estudando o assunto a adoção da suspensão da importação de plasma, material genético, e reprodutores dos EUA.
Os Estados Unidos estão enfrentando, neste momento, uma epidemia do vírus da DES (Diarreia Epidêmica Suína), que chegou aos EUA no ano passado, e já atingiu outros países americanos, como o México, Canadá, República Dominicana, Colômbia e Peru, nos dois últimos casos, países que fazem fronteira com o Brasil.
Mais que com animais vivos, e com material genético, a preocupação de técnicos e veterinários está voltada para o plasma de sangue de suínos importado dos EUA para completar a ração que é dada aos nossos suínos, o que lembra a velha expressão de que do porco só não se aproveita o berro, e nos revela a existência de práticas de vampirismo dignas de um romance como Crepúsculo, estrelado por porcos, como símbolo do ponto a que chegou o capitalismo na canibalização das espécies em prol da busca desenfreada do lucro.
O uso de proteína derivada da carne, sangue e ossos de mamíferos para a alimentação de animais que não precisam necessariamente disso em sua dieta principalmente quando derivada da própria espécie não é boa conselheira. Primeiro, porque se o plasma fosse bom, os Estados Unidos o estariam usando para completar a alimentação de seus próprios suínos, e não o vendendo para outros países. E, em segundo lugar, por causa do portentoso exemplo da vaca louca, doença que levou ao abate de milhões de reses e trouxe centenas de bilhões de dólares em prejuízo a pecuaristas do dito Primeiro Mundo, justamente por causa da utilização de farinha de carne e ossos de mamíferos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina, para completar a ração normal de animais da mesma espécie.
A vaca louca levou à proibição, na Inglaterra, a partir de 1996, de qualquer proteína animal na alimentação de ruminantes. A essa altura, a doença já havia se espalhado por meio da exportação de animais para reprodução e de farinha de ossos e carne pela Inglaterra para várias partes do mundo, causando enorme prejuízo econômico e colocando em risco milhares de vidas, já que ficou provada depois a sua relação com o aparecimento em humanos de uma nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob, que é provocada pelo consumo de produtos bovinos contaminados.
Considerando-se a íntima relação mercadológica e regulatória entre os Estados Unidos e a Inglaterra, é preciso saber se, devido à vaca louca, estendeu-se a proibição do uso de proteína de mamíferos vigente na Grã-Bretanha aos EUA, e se a mesma lei vale para suínos. Assim, descobriríamos por que os EUA nos exportam e não consomem o plasma que retiram do sangue de seus porcos.
A vinda à luz desses aspectos, para dizer o mínimo, controversos, da Guerra dos Porcos, no contexto da batalha mundial da produção e consumo de proteína animal pelo mercado humano exige, da parte do governo federal, duas atitudes:
Proibir imediatamente o uso de proteína animal ou, ao menos, de mamíferos na alimentação de porcos, aves e bovinos.
Aceitar o pedido do setor, de imediata imposição de barreiras à entrada de suínos vivos e de seus subprodutos principalmente o plasma de fora do país.
Isso tem que ser feito não apenas por uma questão sanitária mas, também, de marketing e de geopolítica. O Brasil não pode, justamente agora, que está a ponto de substituir devido à questão da Crimeia os Estados Unidos como fornecedor de carne suína, bovina e de aves para a Rússia, permitir que surja o mínimo empecilho no aproveitamento dessa oportunidade.
Isso, sem falar da possibilidade, que não se deve descartar, do aparecimento devido à importação de insumos proteicos de outros países de graves doenças que podem afetar a saúde da população brasileira.
Jornal do Brasil
Autor: Mauro Santayana