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Avestruz

29/06/2009
O avestruz vem sendo utilizado para a produção de penas há mais de mil anos. Aparece citado no Antigo Testamento, e o comércio foi intenso na Era Egípcia, Assíria e Babilônica. Também nos tempos das Cruzadas, suas plumas foram trazidas para a Europa e tornaram-se famosos adornos da realeza como das rainhas Maria Antonieta, da França e Elizabeth, da Inglaterra (séc. XVI e XVII). O habitat do Avestruz se estendia das regiões secas e áridas da África, incluindo a África do Sul, África Leste e o Saara, até os desertos do Oriente Médio. No entanto a caça excessiva colocou em naco esta espécie. Em 1875, devido a grande matança para a coleta de plumas, muitos avestruzes do Norte da África haviam sido exterminados (Jensen et al. 1992). No final do século XIX, existiam poucos avestruzes no Norte da África e foram considerados extintos na Ásia Ocidental. Depois, desapareceram da Síria e, por volta de 1930 o avestruz quase que é exterminado na Ásia. Foi a domesticação que salvou a espécie. Na África do Sul, em 1863, foram estabelecidas as primeiras fazendas de avestruzes, os trabalhos de Arthur Douglas, que publicou em 1881 o primeiro livro sobre o assunto; Ostrich Farming in South África. Em 1913, as penas do avestruz ocupavam o 4º lugar nas exportações daquele país. Com a chegada da 1ª e 2ª guerra mundial, houve um colapso desse mercado, e em razão disto, os fazendeiros sul-africanos começaram a explorar outros produtos do avestruz: a carne e o couro. Em poucas décadas esta atividade se expandiu e as aves foram levadas para outros países na América do Norte destacando-se os EUA, que hoje possui o segundo maior plantel de animais. Na América do Sul, no Brasil chegou comercialmente em 1994. Na África do Sul, há dois tipos diferentes de exploração de avestruz: para a produção de penas e para a produção de carne e couro. Nas fazendas voltadas para a exploração de penas, tanto os machos quanto às fêmeas são depenados par ocasião da muda natural, o que ocorre cerca de três vezes a cada dois anos. Nestas fazendas, os ovos são incubados artificialmente, para evitar que as penas sejam danificadas quando a ave fica no ninho. Na incubação natural, os machos e as fêmeas se revezam para chocar os ovos, deitando-se sobre eles. Em geral, os ovos são levados para serem incubados fora da propriedade, em incubatórios de terceiros. Após o nascimento, os filhotes retomam para o dono. Este sistema poderá vir ser adotado no Brasil como forma do baratear a produção, podendo ser efetuado através de cooperativas. Na África do Sul, a carne e o couro representam 85% do faturamento da indústria de avestruzes. As aves, na sua maioria criadas confinadas, são abatidas entre os 12 a 14 meses de idade. São poucas as fazendas que realizam todas as etapas de produção, do ovo ao abate. Geralmente as tarefas são divididas em etapas, um produtor cria os pintinhos até a idade de três meses e meio, vende para um outro produtor que faz a recria até os sete ou oito meses, vendendo-as então para serem terminadas até a idade do abate, ou seja, em tomo dos quatorze meses. Cerca de 50 mil a 120 mil avestruzes são abatidos anualmente para a obtenção de carne, couro, produtos secundários e penas. Estes dados, relativamente baixos, indicam que um número significativo de aves é mantido para a produção de penas. A África do Sul mantém uma venda regular de penas de avestruz. As melhores são exportadas para a Europa e América, enquanto as penas menores são usadas na fabricação de espanadores. Nos EUA estão sendo usadas também pela indústria automobilística, para a limpeza do carro antes da pintura, e pelos fabricantes de computadores, em virtude das suas propriedades de atrair as partículas de poeira. Classificação zoológica A classe das aves divide-se em duas superordens, a superordem Paleognathae (aves sem quilha, ou crista lamelar mediana, no osso esterno) e superordem Neognathae (aves com quilha no osso esterno). Pelo estudo dos fósseis, é possível reconhecer que as aves paleognatas eram muito mais numerosas que na atualidade. O avestruz pertence ao grupo das aves ratitas, da superordem das Paleognatas, e apresenta características anatômicas o fisiológicas que a diferenciam das aves carinadas, entre as quais: a ausência de quilha no osso esterno, a perda da capacidade de vôo, a falta da glândula uropigiana e a separação de fezes e urina na cloaca (Sick, 1985). As ratitas são, em geral, consideradas as aves atuais mais primitivas do ponto de vista filogenético ou, mais exatamente, constituem um grupo muito antigo, atualmente especializado (Cracraft, 1974; Sick, 1985). Conhecem-se quarenta e sete espécies de aves ratitas extintas, entre as quais mencionam-se as moas (Dinomithidae), as aves elefantes (Aepyomithidae), o Sylvornls de Nova Caledônia e outras espécies, relacionadas com os grupos viventes (Sibley & Alquist, 1981). Existem dez espécies de aves ratitas atuais: o avestruz (Struthlo camelus) da África e Arábia, duas espécies de emas (Rhea americana e Pterocnemia pennata) da América do Sul, o emu (Dromaius novaehollandiae) das planícies da Austrália, três espécies de casuares (Casuarius bennetti, C. casuarius, C. unappendiculatus) da Austrália, Nova Guiné e ilhas vizinhas, e três espécies de kiwis (Apterix haastii, A. owenil, A australis) da Nova Zelândia (Natura, 1987). As semelhanças morfológicas, bioquímicas, moleculares, genéticas, parasitológicas e comportamentais entre as aves ratitas fazem supor uma origem comum ou monofilética destas aves. No caso dos avestruzes e das emas, consideradas, entre as aves ratitas, as mais especializadas (Cracraft, 1974), supõe-se que sua separação tenha ocorrido há 80 milhões de anos (Sibley & Alhquist, 1981; Sibley & alhquist, 1986), quando se completou a separação das duas placas tectônicas que deram origem á América do Sul e África. As evidências geológicas indicam que estes dois continentes começaram a se separar pelo sul. E provável que o contato existente entre o Brasil e o oeste da África, durante o período Cretáceo médio, há cerca de 100 milhões de anos, já teria sido desfeito no Cretáceo tardio, há aproximadamente 80 milhões de anos, por uma separação de cerca de 800 Km. Por outro lado, a separação entre África e as Ilhas Canárias parece não ter sido completada antes de 12 milhões de anos atrás, a julgar pelas evidências obtidas nas análises das cascas dos ovos de avestruz encontradas na Ilha de Lanzarote, a leste das Canárias (Sauer & Rothe,1972). Classificação Existe uma única espécie de avestruz e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em três tipos: African black (a doméstica), Redneck e Blueneck: - Struthio camelus massaicus (Redneck): pele avermelhada, encontrado no Quênia e Tanzânia; - Struthio camelus molybdophanes (Blueneck): pele azulada, encontrado na Somália, Quênia e Etiópia, sendo a variedade mais distinta; apresenta o topo da cabeça sem penas; a pelagem do pescoço e das coxas é azulada, a plumagem do corpo dos machos é preta e branca e nas fêmeas a coloração é cinza mais suave; - Struthio camelus synacus (Blueneck): considerado extinto na década de 1940; habitavam os desertos da antiga Palestina e Pérsia; Com relação à vocalização, pode-se dizer que esta ave é muda. Os filhotes da avestruz piam desde a fase final da incubação, ainda dentro dos ovos, até os primeiros meses de vida, com o tempo, deixam de emitir sons. Na época do acasalamento, no entanto, o macho, infla o pescoço e emite sons parecidos com rugidos, primeiro curtos, depois longos. - Struthio camelus camelus (Redneck): pele vermelha - encontrado no Norte da África, tinham sua área nativa da Mauritânia até a Etiópia, tem a parte superior da cabeça desprovida de penas e rodeada de pequenas penas duras de coloração parda, que descem pela parte posterior do pescoço: as penas do corpo são pretas, enquanto que as das asas e da cauda são brancas a pele do pescoço é rósea; as penas do corpo da fêmea são marrom-escuro, sendo as das asas e da cauda mais descoradas; - Struthio camelus australis (Blueneck): animal oriundo do Sul da África, Zimbábue e Namíbia, atualmente limitadas aos parques e pequenas regiões da Namíbia; - Struthio camelus var domesticus (African Black): oriundo do cruzamento entre synacus, camelus e australis, geralmente identificado como S. c. australis; apresenta penas na cabeça, seu pescoço é cinza, avermelhando-se na estação de reprodução, e a cauda é marrom. Existe um mito de que o avestruz enterra a cabeça no chão quando amedrontado, mas não é verdade. O comportamento defensivo destes animais é bem característico. Quando pegos de surpresa, os filhotes, os animais mais jovens e eventualmente algum adulto, agacham-se, esticando o pescoço rente ao chão procurando camuflar-se na vegetação. Somente quando no ninho, as fêmeas escondem a cabeça na areia, para não serem vistas a distância. Talvez venha daí o popular mito sobre o seu comportamento. A variedade doméstica atinge a maturidade sexual entre dois a três anos, sendo as fêmeas mais precoces do que os machos. O macho, quando adulto, é maior que a fêmea e tem plumagem diferenciada, plumas pretas pelo corpo e brancas nas pontas das asas e cauda A fêmea possui plumagem acinzentada ou amarronzada. À medida que o animal cresce, acentuam-se as diferenças entre falo do macho e da fêmea, e, por volta de 5-6 meses, os animais podem ser diferenciados simplesmente observando-os, durante a micção/defecação: ocorre inversão parcial da cloaca com exteriorização do falo que pode ser visualizado, mesmo a distância. O avestruz possui apenas dois dedos, diferindo da ema, que tem três. E dotado de um par de asas rudimentares, as quais não possui amplitude para vôo, mas auxiliam no equilíbrio do animal nas corridas. Esta ave pode alcançar velocidades de até 80 Km/h. Possui temperatura corporal entre 38,5 a 39ºC (é uma temperatura baixa para uma ave; a galinha, por exemplo, tem uma temperatura corporal em torno de 41ºC). É dotado de um aparelho digestivo, que se inicia no bico, seguindo pela faringe, esôfago, não apresentando papo (comum nas aves Neognatas), com dois estômagos, um glandular e outro musculoso, intestino delgado longo, intestino grosso (dotado de dois cecos bem desenvolvidos, onde ocorre intensa digestão microbiológica. havendo o aproveitamento da fibra vegetal), encerrando na cloaca. As fezes são excretadas separadas da urina, a qual apresenta parte liquida e parte sólida. É um animal que não sente o paladar dos alimentos. Características O avestruz é a maior ave existente, com altura média, do chão até a cabeça, variando de 2,0 a 2,5m, sendo aproximadamente 0,90 m de pescoço e 1,0m de pernas. O comprimento do corpo é cerca de 2,0 m As aves adultas pesam, em média, 130 a 150 Kg. A longevidade é outro aspecto positivo desta espécie. Na natureza, o avestruz se reproduz até 30 a 40 anos Em cativeiro, as domésticas são capazes de procriar até os 50 anos, podendo viver até 60 a 70 anos Uma fêmea adulta põe em média 30 a 50 ovos por ano no período. Algumas poedeiras chegam a pôr mais de 100 ovos. Os ovos pesam em média 1,2 a 1,8kg (equivalente a mais de 20 ovos de galinha); se férteis, 00quando incubados, levam de 42 a 43 dias para eclodirem. Os pintinhos nascem com 25 cm de altura e cerca de 1 Kg de peso vivo. São aves sociáveis, vivem em bandos. Na natureza, vivem em conjunto com outros animais. Seu comportamento se modifica por ocasião do período reprodutivo, quando alguns machos e fêmeas dominantes tomam atitudes agressivas. Seu comportamento agressivo é manifestado através de chutes que são bastante perigosos. Podem ser agrupados para acasalamento em colônias, em pares ou trios (duas fêmeas e um macho), onde uma das fêmeas é dominante (o macho a escolhe). Há uma difícil coabitação entre machos adultos, ou seja, numa criação comercial, os grupos devem ficar em piquetes separados. Na natureza, os machos chocam os ovos à noite, as fêmeas durante o dia. A idade que exige maior atenção é do nascimento aos três meses, freqüentemente com maior taxa de mortalidade até as 4 semanas. Até os 3 a 6 meses de idade, devem ser alojados em galpão coberto, arejado, onde permanecerão durante a noite e por ocasião das chuvas. Anexo aos galpões, há a necessidade de piquetes para exercício dos filhotes, fundamental para o seu bom desenvolvimento. O avestruz é um animal que vive e se reproduz em áreas semi-áridas, podendo vir a ser criado nos campos, cerrados e caatingas, sem necessitar desmatamento. Os seus predadores na natureza são lagartos, gaviões, cachorro do mato, raposa e outros que poderiam pisar nos ninhos.
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