O Futuro da Pecuária
30/06/2009
O Futuro da Pecuária
Pecuarista levanta custos da atividade
02/07/2002 O resultado da composição dos custos da atividade pecuária no RS, calculada a partir de levantamento enviado pelos sindicatos rurais gaúchos, deverá ser conhecido em reunião do Sindicato Rural de Alegrete na próxima semana. Até lá, acredita o presidente do sindicato e coordenador da Regional Fronteira-Oeste da Farsul, Abílio Nogueira, os 130 sindicatos já deverão ter encaminhado à federação as planilhas com o custo de produção e preços da carne bovina no varejo nos municípios. Dia 11 de junho, a Farsul apoiou a fixação semanal do preço mínimo de venda o boi gordo a partir de R$ 1,40 o quilo. Na reunião de ontem, foi confirmada até a próxima segunda a manutenção em R$ 1,45 o quilo do boi vivo e R$ 1,30 o da vaca. (Correio do Povo)
Benvindo á Pecuária do Futuro
O Homem e o Animal - Na época da pedra polida (7.000 a. C) o homem mais evoluído domesticou os animais para manter uma certa provisão de alimentos, para obter vestuários, armas e ate para adoração da divindade. Depois, passou a ordenhar os mais leiteiros. Para evitar possíveis contratempos, acasalava apenas os semelhante, ou seja, de mesma raça, embora surgissem mestiços por todos os lados.
Ate o século XVIII, os gados serviam para produzir estrume e força viva para os trabalhos e transportes. Na verdade, os animais eram tidos como "um mal necessário". Gasparin (1844) adotou o nome "Zootecnia" para separar o estudo dos animais e dos vegetais. Logo a seguir, Baudement (1849) deixa claro que o animal domestico era uma maquina viva transformada e valorizada dos alimentos.
A Evolução da Seleção de Bovinos - Alguns criadores começaram a selecionar os melhores indivíduos, percebendo que o acasalamento entre os melhores resultava em crias também superiores. Robert Bakewell (1726 - 1795) estabeleceu o método da seleção racial genealógica consangüínea. Nem tudo dava certo nos acasalamentos, ficando evidente que "a zootecnia é uma ciência onde 2+2 nem sempre da 4, mas pode dar 5 ou 3, dependendo da inteligência utilizada pelo fazendeiro". Ou seja, a zootecnia não é uma ciência exata. Esta descoberta foi corroborada por Winters (1954).
Daí para á frente, sucederam-se centenas de experiências e foram adotadas dezenas de ferramentas para o melhoramento dos animais, na intenção que eles produzissem mais carne, ou mais leite, ou mais força para o trabalho, ou mais aptidão para o estoque.
A evolução continua, valendo a pena observar cada passo, no correr da historia, a partir da consolidação da zootecnia e de outras ciências dedicadas ao melhoramento dos animais domésticos. Alguns grandes passos podem ser detectados nessa evolução e estão mostrando a seguir.
1º Passo - Seleção - é o conjunto de praticas, levando em conta a situação geográfica do rebanho, o manejo adotado, a alimentação e o manejo reprodutivo, tendo como objetivo melhorar zootécnica e geneticamente o individuo e a raça. A zootecnia trata do melhoramento morfológico, por meios de provas funcionais e a genética trata do melhoramento via reprodução e hereditariedade.
2º Passo - Cruzamento - São acasalamento entre famílias diferentes (para manter seguro um bom desempenho no correr das gerações) ou entre raças diferentes (para obter um maximo resultado num prazo mais curto, ou para obter produtos adequados para determinadas situações ou regiões) 3º Passo - Associações e Registro Genealógico - Para firmar as conquistas obtidas e divulga-la, foram criadas Associações de criadores e, logo a seguir, o estabelecimento de Livros e Registros para os animais em processo de melhoramento.
4º Passo - Provas Zootécnicas - Começaram com os concursos leiteiros, primeiramente entre povoados e, depois, ganhando dimensões nacionais, juntamente com as Provas de peso. Durante décadas os concursos premiavam os indivíduos mais pesados. Em meados do século XX começaram as provas de ganho- de- peso.
Modernamente, sugiram muitas outras provas como as de Conversão de Alimentos, Ganho-de-peso, Digestibilidade, Ratalhabilidade, Rendimento de Carcaça, Teste de Progênie, etc. As provas mostram os animais que devem ser escolhidos como padreadores na seleção.
5º Passo - Inseminação Artificial - Essa foi a ferramenta que inaugurou um novo tempo na seleção pecuária. Pode se medir a pecuária como "antes" e "depois"da Inseminação Artificial que passou a ser utilizada, crescentemente, desde a década 1930. Antes, cada touro conseguia acasalar entre 20-60vacas por ano; com a I. A um único touro pode acasalar milhares de animais. Coleta-se o sêmen do touro e, com ele, podem ser servidas entre 25 -60 vacas, normalmente, embora existam casos de coletas que serviram mais de 200 vacas.Permitiu uma incrível multiplicação no uso de touros exponenciais, mesmo depois de já mortos. O sêmen congelado pode ser utilizado centenas ou milhares de anos depois. Em 1966, os Estados Unidos atingiam 48% do rebanho leiteiro inseminado, sendo que cada touro foi utilizado em 3.322 vacas!. A divulgação desses números levou todos os criadores a utilizarem a I.A como método de melhoramento acelerado. Modernamente, os paises com pecuária mais evoluída apresentam um índice de I.A entre 90-100%.
6º Passo- Transferência de Embriões- Esta foi a segunda grande ferramenta de reprodução artificial a ser utilizada na pecuária. A vaca que produzia apenas uma cria por ano, pode- com a T.E- produzir até 30, embora já se registram casos de mais de 50 filhos, num único ano. Por meio de hormônios, a vaca escolhida produz diversos embriões ao mesmo tempo, os quais são coletados e transferidos para vacas - receptoras, todas artificialmente sincronizadas para o ato. A TE permitiu, assim, uma incrível multiplicação no uso das fêmeas exponenciais. Os embriões congelados podem ser utilizados, como o sêmen dos machos, Centenas ou milhares de anos depois. Somente na década de 1980 a TE conseguiu alguma popularização, embora viesse sendo praticada desde a década de 1970. Modernamente, já é comum obter 100% de prenhezes utilizando embriões " a fresco" e até 50% com embriões congelados, evidenciando que a técnica continua em evolução.
7º Passo - Sexagem- As pesquisas com bovinos firmaram-se no inicio da década de 1960, em bovinos, embora a sexagem já tivesse sido em aves e em outros animais. No final da década, a sexagem em bovinos já se tornou possível em escala comercial, embora com custos ainda relativamente elevados. Até o ano 2010 a sexagem irá se tornar uma rotina nos paises desenvolvidos.
8º Passo- Fertilização in Vitro- Uma fêmea produz alguns filhos em sua vida. Com a TE pode produzir mais de uma centena. Com a FIV pode produzir todos que estão " armazenados" em seus ovários. Congela-se o ovário da vaca escolhida e, lentamente, cada óvulo vai sendo coletado e fertilizado (in vitro), ou seja, no laboratório. É uma maneira de manter a reprodutividade de um animal que já pode ter morrido ou pode ter se inutilizado para a reprodução, há tempos. Este métado vem sendo utilizado, experimentalmente, e deverá ser muito popularizado até o ano 2010.
9º Passo- Clonagem- Esta é uma nova "revolução" na pecuária, pois é um método de multiplicação infinita do animal já escolhido. Tanto a IA, como a TE ou a FIV tratavam de unir um óvulo a um sêmen, apostando num resultado feliz, enquanto que a clonagem apenas multiplica esse resultado feliz. As pesquisas em vegetais já atingiram uma comercialização em escala enquanto que s pesquisas com mamíferos começam a sair dos laboratórios. Até o ano 2010 a clonagem já estará disponível para uso comercial, com preços compatíveis. O pecuarista poderá adquirir um animal exponencial e multiplica-lo, fundando um rebanho somente com cópias-vivas.
10º Passo - Marcadores Genéticos- Prece que este será o ponto final da história da seleção. O pecuarista do futuro irá escolher o "pool" genético que lhe interessa e, com ele, poderá formar seu rebanho especifico. Ou seja, ele poderá adquirir um bovino que tenha a rusticidade do Guzerá, a mobilidade do Nelore, a carcaça de um Charolês, A retalhabilidade de um Limousin, a mansidão de um Gir, etc.
Ou poderá apenas escolher as características que deseja sem se importar com nomes de raças- e pronto !. - O laboratório lhe entregará milhares de produtos em forma de sêmen, ou embriões ou clones. Para tanto, já se fazem os " mapas Genéticos" das raças do planeta, por meio de TRT- teste de relacionamento filogenético ("Philogenetic Relationship Tests") simplesmente, "pool" racial. Obviamente, o "pool" deverá ser providenciado somente com participantes que sejam os "excelentes" de cada raça. Os paises mais desenvolvidos estão segregando todas as raças viáveis do planeta, para formar "banco genético" que sirva para a posteridade. Os Estados Unidos acreditam que apenas 250 das atuais 700 tenham utilidade, mas esse número pode ser reduzido a 100. Provavelmente, no futuro a maioria das raças atuais estarão mantidas apenas nos laboratórios, onde algumas dezenas delas permitiram a formação de "pools" suficientes para satisfazer todas exigências e necessidades. A pecuária então, estará transformada numa industria como qualquer outra onde o animal será apenas uma "matéria prima" comprada no laboratório. É o que dizem os cientistas...