Abacaxi Imperial
11/04/2012
Vantagens do abacaxi Imperial atraem produtores em Coração de Maria (BA)
Os produtores de abacaxi do município de Coração de Maria, no recôncavo baiano, encontraram na variedade Imperial a esperança de retomar o cultivo na região. Nos anos 70, eles chegaram a liderar a produção na Bahia, mas devido a Fusariose - fungo que deprecia o fruto -, muitos agricultores desistiram da cultura. Hoje, com a variedade Imperial, desenvolvida pela Embrapa, e incentivada para plantio pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), responsável pela Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) pública, eles retomam a produção de forma orgânica e economicamente mais vantajosa.
De maneira geral, a Fusariose pode infectar cerca de 40% das mudas e causar a morte de 20% de plantas, no campo, antes de atingir a fase de floração. Nos frutos, a porcentagem de infecção pelo fungo varia com a época de produção, podendo chegar a 80%, ou mais. Foi essa doença que fez com que José Santana, 54 anos, desistisse da cultura e passasse a cultivar mandioca.
A gente gastava para fazer até duas aplicações de pesticida por mês e no final não colhia nada. Tentei por três anos até ver que não tinha mais jeito, conta. Santana vendia sua produção na feira de Cruz das Almas e conseguia um rendimento maior com o fruto. Eu não quis mais arriscar. A mandioca rende menos, mas é certo, avalia.
Ainda abatido com os prejuízos acumulados com a variedade Pérola, comum na região, José Santana vem conversando com os técnicos da EBDA, que apresentam as vantagens da nova variedade, na tentativa de levar o agricultor a superar as lembranças de prejuízos com o antigo plantio, e reinvestir na cultura.
Já Crispim Batista, 30 anos, aposta no abacaxi Imperial e no cultivo orgânico, atrelado a ele. A nossa esperança é esse novo jeito de cultivar. Além de todas as vantagens ainda consigo retirar cinco sementes por pé, o que vai ajudar a ampliar a plantação a cada safra, analisa. Crispim e sua família cultivavam milho, feijão e mandioca na localidade de Neto. Observando o avanço de algumas propriedades que aderiram ao cultivo do Imperial resolveu, há sete meses, investir na cultura seguindo as orientações técnicas dos profissionais da EBDA.
O sistema agroecológico tem muitas vantagens, inclusive do ponto de vista econômico. Buscamos, sobretudo, a interdisciplinaridade no contato com esses produtores, com uma visão social, espacial e sustentável do processo produtivo, destaca o coordenador do Programa de Ater Agroecológico de Feira de Santana, Daniel Dourado. A produção agroecológica contempla a diversificação de culturas, a visão sistêmica do cultivo e um processo produtivo mais econômico. Além disso, contempla a produção de mudas, adubo e insumo a partir da própria planta.
Na localidade de Camboatá, encontra-se um dos casos de maior sucesso da região. O produtor Fred Rios iniciou a plantação, há nove anos, com 700 pés. Hoje, com 400 mil pés, ele já conseguiu exportar para a China e vender parte da produção para o mercado paulista que, paga até R$ 25 por uma caixa com seis frutos.
O cultivo orgânico é muito vantajoso. Cada hectare custa apenas R$0,30 sendo que, 70% deste valor é destinado a mão de obra, afirma Rios, que vende, cada unidade, a uma média de R$1,70 e pretende chegar aos cinco milhões de pés, em dois anos. O Abacaxi Imperial chegou com força no mercado. Ele tem muitas vantagens, mas a principal é ser livre de agrotóxicos, destaca. Além de comercializar o fruto, o agricultor lucra com a venda de mudas. Através do seccionamento do caule, ele obtém cerca de 30 pés por planta, e consegue vender por até R$ 2 a unidade.
Imperial
O abacaxi Imperial é um híbrido resultante do cruzamento das variedades Perolera e Smooth Cayenne, obtido em 1998 por pesquisadores da Embrapa. Nas avaliações realizadas em distintas regiões produtoras do Brasil, esse híbrido destacou-se dos demais genótipos, por ser resistente à Fusariose, o que dispensa o uso de fungicidas e por produzir frutos com polpa amarela, elevado teor de açúcares e excelente sabor nas análises sensoriais. Outra vantagem do abacaxi é a ausência de espinhos nas folhas e maior resistência.
Após a colheita, o fruto mantém sua consistência por até 20 dias, enquanto a variedade Pérola, por exemplo, deve ser consumida em cinco dias. Nós estamos assistindo diversas propriedades que obtiveram sucesso com o cultivo do Imperial. O não uso de pesticidas além de reduzir os custos de produção é importante para a saúde do agricultor, pois muitos na região sofrem com o excesso de agrotóxicos aplicados na lavoura do abacaxi Pérola, que tem alto grau de infestação pelo fungo, e ainda do consumidor, que passa a ter um produto mais saudável, destaca o técnico da EBDA, o engenheiro agrônomo Expedito Santana.
SEAGRI - BA