Sequência de geadas
30/06/2011
Chuvas e previsão de novas quedas de temperatura podem alargar perdas. Região Oeste calcula 25% de redução na produção
Plantações de milho ainda verdes foram congeladas pela sequência de geadas registrada nesta semana no Paraná. O estado responde por 30% das 21 milhões de toneladas que o país pretendia colher neste ciclo e tende a perder um terço de sua produção. O prejuízo começa a ser dimensionado e tende a encarecer o produto, que já esta saindo dos armazéns 67% mais caro do que um ano atrás (R$ 23,6 a saca de 60 quilos).
A geada pegou toda a região produtora do estado. Cerca de 70% do terreno estavam suscetíveis a perdas climáticas. Toledo, Cascavel e Campo Mourão (Oeste) foram alguns dos municípios mais castigados. Responsáveis por mais da metade da produção paranaense de milho, as regiões Oeste e Norte devem registrar as maiores perdas.
Na média, 25% foram perdidos, diz Mário Balk, gerente comercial da Lar Cooperativa, de Medianeira, referindo-se a lavouras do Oeste. Na madrugada de terça-feira, os termômetros marcaram 3º C negativos no município.
O frio intenso impede que as plantas transfiram energia das folhas para os grãos, resultando em perda de peso e qualidade. Quando a parte verde fica seca, também deixa de absorver luz solar, explicam os técnicos. Em Palotina (também Oeste), a quebra pode chegar a 50%, conforme Paulo Carvalho, da Cooperativa C.Vale.
Depois de apanharem do frio intenso, as lavouras de milho do estado começaram a receber chuvas leves ontem. A combinação, segundo especialistas, pode agravar o problema. A pior coisa que existe para uma planta é chuva após geada, afirma Marco Antonio dos Santos, agrônomo do Instituto Somar, de São Paulo. As chuvas tendem a continuar caindo sobre o Paraná até sábado e, em seguida, deve ocorrer geada novamente em todo o Sul do país.
A última grande quebra de safra de milho ocorrida por geada aconteceu em 2000 no Paraná. Na época, o estado perdeu 60% da produção de milho de inverno depois de sofrer uma sequencia de 13 ocorrências registradas pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).
A agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab) Margorete Demarchi lembra que, nos anos de perda expressiva, as geadas ocorreram em julho e nunca vieram sozinhas. A última projeção indica colheita de 7,4 milhões de toneladas de milho no Paraná.
Gazeta do Povo
Autor: Cassiano Ribeiro