Maior do Brasil ameaçada
14/05/2011
Incorporação da mato-grossense pela Brasil Ecodiesel foi negada pelo Conselho de Administração, mas negociação não chegou ao fim
O Conselho de Administração da Brasil Ecodiesel decidiu, na última quarta-feira, não aprovar a operação de incorporação das ações do grupo mato-grossense Vanguarda do Brasil S/A, como foi oficializado no dia 19 de abril. Por meio de Fato Relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Brasil Ecodiesel informou que o Conselho decidiu não aprovar a Operação proposta, bem como a constituição do Comitê Independente para avaliar a transação. Os motivos que geraram o veto não foram explicados.
Apesar desta negativa, uma fonte da Vanguarda disse na sexta-feira (13) ao Diário que a incorporação não morre, pois existem alternativas. Ponderando que não pode falar em nome de um Conselho, a fonte frisa apenas que todos sabem a grande oportunidade que é esse negócio. E pela sua complexidade, é natural que haja dificuldades no processo. A Companhia, como sede em São Paulo, é pioneira na produção de biodiesel em larga escala no país. O Diário tentou contato com assessoria da Brasil Ecodiesel, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Em abril, quando a proposta de fusão foi apresentada, o diretor-executivo e de Relações com Investidores da Brasil Ecodiesel, Eduardo Gomes, afirmou, também via Fato Relevante, que se implementada, a incorporação de ações da Vanguarda acelerará o projeto estratégico de crescimento das atividades agrícolas da Brasil Ecodiesel e criará a maior empresa de capital aberto do setor no Brasil. A expectativa pelo negócio é grande, visto que Vanguarda e Brasil Ecodiesel dão origem à maior empresa de agronegócio do país. Juntas superariam em hectares plantados a atual gigante do setor, SLC Agrícola, que também tem lastro em Mato Grosso: mais de 76 mil hectares cultivados em Diamantino e Sapezal, norte e noroeste mato-grossenses, respectivamente. A SLC Agrícola cultiva na safra 10/11 230 mil hectares em seis estados.
A Vanguarda pertencente ao ex-deputado estadual Otaviano Pivetta - com lavouras em Mato Grosso e Bahia, cultivou na safra passada (09/10) 226 mil hectares. Com a fusão, passaria, segundo o mercado, a 330 mil hectares.
OPERAÇÃO - Ainda segundo a fonte da Vanguarda, este episódio envolvendo a Vanguarda e a Brasil Ecodiesel não interfere em nada no negócio maior, que é a aquisição de 50% do grupo mato-grossense pela Veremonte Participações formada por investidores internacionais e pertencente ao empresário espanhol Enrique Bañuelos. O namoro entre Pivetta e Bañuelos teve início no primeiro trimestre do ano, culminando com a venda. Esse negócio segue cada dia melhor, frisou a fonte, sem fornecer detalhes. A negociação não teve a cifra confirmada pela fonte, mas o mercado precificou em cerca de R$ 600 milhões. Foi dessa negociação que surgiu a possibilidade da eventual incorporação à Brasil Ecodiesel, destaca a fonte.
VANGUARDA - A Vanguarda do Brasil é uma das maiores produtoras agrícolas brasileiras. Tem dez unidades de produção e sede em Nova Mutum (269 quilômetros ao norte de Cuiabá). Cultiva principalmente soja, milho e algodão e atua também no ramo industrial, com beneficiamento de algodão e esmagamento de caroço de algodão.
VEREMONTE - O Grupo possui ampla carteira de negócios e identifica oportunidades de investimento em empresas que necessitam de capital e visão estratégica para se manter em trajetória de crescimento.
Diário de Cuiabá
Autor: MARIANNA PERES