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Histórico e origem

29/06/2009
A cabra foi o primeiro animal domesticado pelo homem para a produção de alimentos. A cabra doméstica de hoje é a Capra hircus. Provavelmente os ancestrais mais antigos dessa cabra sejam dois: a Capra sivalencis e Capra perimensis, conhecidos apenas em forma de fósseis. Os ancestrais que ainda são encontrados vivos e que formaram as nossas cabras são: a Capra aegagrus, da qual descende a maioria das raças (Alpina, Angorá, etc.), da região da Pérsia e da Ásia Menor; e a Capra falconezi que resultou nas cabras de cachemira, da região do Egito. No Brasil os caprinos foram introduzidos com os colonizadores portugueses, franceses e holandeses. Porém, somente em 1910 é que figuram importações de animais com maior potencial de produção. Importância Econômica No Brasil, a cabra, que concentra sua maior população no Nordeste (aproximadamente 90% do rebanho), tem como principais funções econômicas a produção de carne e pele. Já em países adiantados o produto que é mais explorado é o leite, devido ao grande potencial desses animais. Só recentemente é que foi dado um impulso maior neste campo por produtores brasileiros, notadamente na região Sudeste. Importância Social Em geral no Brasil, os rebanhos são constituídos por pequeno número de animais, sendo explorados como subsistência familiar. A cabra com sua rusticidade e adaptabilidade tem um papel social bastante importante nas populações de baixa renda. É ela que fornece carne e pele, e principalmente o leite, com ótima composição nutricional e de fácil digestão. Nas criações maiores e mais tecnificadas a cabra aparece como geradora de empregos, permitindo a uma parcela da população ter seu sustento garantido por via direta (trabalho na criação), bem como por via indireta (nas queijarias, fábricas de rações, etc). Desenvolvimento econômico da caprinocultura leiteira O Brasil, com cerca de 12,2 milhões de cabeças possui o nono maior rebanho caprino do mundo. No entanto, contribui com apenas 1% da produção mundial de leite de cabra (FAO, 1995). Portanto, torna-se necessário que os profissionais e empresários da área rural envolvidos com a caprinocultura leiteira incorporem cada vez mais tecnologias de baixo custo e fácil aplicação, visando aumento da produtividade de nosso rebanho. No Brasil, o leite de cabra vem conquistando crescente mercado, tanto na forma de leite pasteurizado e congelado, como na forma de leite em pó. Industrialização A industrialização do leite e derivados na propriedade exige instalações adequadas e credenciamento junto aos Serviços de Inspeção Federal, Estadual ou Municipal, quando existir. Dentre os produtos de industrialização, os mais freqüentes são: leite integral, pasteurizado e congelado; iogurte natural ou com frutas; queijos: boursin (natural ou com ingredientes), chevrotin, crotin (mofo), frescal, moleson (maturado), chabichou; sorvete; cosméticos (sabonetes, shampoos, condicionadores, cremes hidratantes, etc). Observando a produção de leite e a produção de queijos de cabra, constatamos que os países em desenvolvimento utilizam quase a totalidade do leite produzido para o consumo de subsistência e que nos países mais desenvolvidos, essa produção destina-se à fabricação de queijos e outros derivados. - Leite de cabra em pó: trata-se da maneira ideal de se regularizar a oferta do leite no mercado garantindo ao consumidor leite durante o ano inteiro e possibilitando ao produtor o escoamento na época de maior produção. Exige equipamento e instalações de alto custo. O projeto pioneiro no Brasil da usina de leite em pó de cabra foi instalado em 1.994 na Queijaria-Escola em Nova Friburgo, tendo como reflexo um aumento significativo da oferta de leite nos últimos anos, incentivando a produção pela garantia de compra de leite. - Leite de Cabra UHT: acompanhando uma tendência mundial nesta forma de apresentação - leite em embalagem Tetrapack - no Brasil estando no mercado a partir de junho de 1.998. O leite tem a marca Caprilat, sendo enriquecido com vitaminas e minerais, industrializado pela Cooperativa Central de Produtores de Leite em Columbandê - São Gonçalo - RJ. A comercialização é sem duvida o grande "gargalo"da caprinocultura leiteira, estando o resultado da atividade sempre condicionado ao desempenho dos produtos no mercado. Pontos importantes a considerar são: a oferta constante do produto de excelente qualidade, o acondicionamento e a apresentação, a freqüência de entrega e o número de clientes, além do "marketing" adequado voltado para o publico em geral ou, se for o caso, uma divulgação técnica especifica para médicos clínicos, pediatras, alergistas. geriatras, homeopatas, endocrinologistas e oncologistas. Comercialização É freqüente a opinião de que o mercado internacional poderá ser conquistado, com queijo de leite de cabra, desde que o Brasil ofereça produtos de alta qualidade. Porém, ressalta-se a dificuldade enfrentada por laticínios nacionais especializados em concorrer com os produtos lácteos importados, principalmente da França. Talvez seja, mais lógico voltar-se para a política do incentivo a um mercado interno, que se apresenta com grande potencial. Uma alternativa é a de fabricação de queijos menos requintados e a preços mais acessíveis, contribuindo para a expansão do mercado e conseqüente aumento da produtividade da exploração. Dentre os outros derivados do leite de cabra, um produto em especial, de grande aceitação no mercado brasileiro, é o iogurte, que possui vantagens como o baixo custo de produção, por não necessitar equipamentos sofisticados, facilidade de preparo e melhor conservação. Mais recentemente, o sorvete tem aparecido como outro produto derivado, com um grande mercado a ser explorado. Os cosméticos a base de leite caprino também tem conquistado um importante mercado, tornando-se mais uma alternativa para os produtores. Nos sistemas de criação com animais especializados na produção leiteira a venda de matrizes e reprodutores constitui uma das principais fontes de renda. É importante lembrar que com o desenvolvimento do setor haverá a oportunidade de se explorar o mercado de subprodutos como carne, pele e esterco, diversificando a receita do produtor. O mercado de carne é pouco explorado na maioria das criações do sul e sudeste, sendo os machos abatidos logo após o nascimento. Já em região Nordeste, a comercialização da carne de cabrito "mamão", surge como uma conseqüência do próprio sistema de exploração da cabra para leite. A pele também é um produto bastante explorado no Nordeste, como reconhecimento internacional de sua qualidade de aplicação na industria de artefatos. Porém ocorre um elevado descarte de peles pela falta de cuidados na obtenção, tratamento e conservação. Apesar da importância dos mercados interno e externo, a comercialização de peles é ainda pouco aproveitada nas outras regiões. Um produto de grande disponibilidade e fácil aproveitamento, que poderá ser mais bem explorado, é o esterco caprino, de qualidade superior ao de bovino. A industrialização do leite e derivados surge como uma necessidade para a maioria dos produtos no Brasil, pela falta de opção para a comercialização "in natura" e pela possibilidade de maior faturamento bruto mensal, para agregar um maior valor ao leite produzido. Entretanto, a industrialização do próprio leite é uma outra atividade e deve ser encarada como tal, para não mascarar o real custo final do leite industrializado. Atualmente, no Brasil, existem alguns municípios com laticínios maiores, que compram o leite de cabra "in natura" como os de Juiz de Fora/MG, Mogi Guaçu/SP e Nova Friburgo/RJ. Em outros países, como Estados Unidos, Canadá, Holanda e parte da França, a venda deste leite tem sido para grandes laticínios predominante e provavelmente é a forma mais indicada para quem deseja produzir leite de cabra em escalas maiores. Vantagens e importância do animal - De pequeno porte, é equivalente a uma vaca em miniatura, segundo os EUA (Departamento de Agricultura), oito cabras, consomem a mesma quantidade de alimento que uma vaca; - Proporcionalmente ao seu peso, são produtoras de leite mais eficientes que as vacas; - Apresenta grande importância social para as populações rurais de menor poder aquisitivo, onde a sua exploração pode ter caráter familiar; - Aconselhável, igualmente, para a exploração em áreas fragmentadas ou onde se processam cultivos intensivos, com destaque aos olerícolas; - De suma importância onde a exploração da vaca leiteira seria ineficiente e antieconômica; - Custo de aquisição inferior ao da vaca e a sua perda, proporcionalmente, representa menor prejuízo; - O seu leite, comparado ao da vaca, é mais nutritivo, mais assimilável, de maior concentração mineral (Ca, Fe, P e Cu). Portanto, é recomendável para organismos mais delicados, a exemplo de crianças, idosos e enfermos. Por outro lado, o leite é ideal para a fabricação de queijos sofisticados de elevado consumo nos mercados nacional e internacional; - Ajustam-se aos mais variados tipos de manejo, até ao da estabulação completa e independem da cria para baixa do leite; - Ciclo reprodutivo curto em relação ao da vaca e maior número de crias por parto, permitindo rápida evolução do rebanho; - O seu adubo (esterco), em torno de 600Kg/animal/ano, é mais rico em nutrientes do que o da maioria das espécies; - Fornece além do leite, carne e pele; - Boa potência digestiva para a celulose; - Sociável, mansa, inteligente, limpa, atrativa, rústica e obediente, integra-se facilmente com o homem. Desvantagens - Os preconceitos contra a espécie e seu leite; - Exigente do ponto de vista alimentar; - Pouco indicada para o manejo extensivo, em ambiente úmido, pois é altamente predisposta à verminose e à pneumonia; - O seu hábito alimentar, altamente diversificado, obstaculiza o seu confinamento com alimento pouco variado, obrigando o criador a manter constante atenção, para evitar, em cabras confinadas, deficiências e conseqüente anemia; - Predatória e de difícil contenção, provoca danos, quando não manejada corretamente; - Ordenha mais trabalhosa do que a do bovino.
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