Preço da uva fica o mesmo
07/03/2010
Caxias do Sul: Preço da uva fica o mesmo
Valor desagradou a produtores, que estimam um custo médio de produção maior
Desde a safra de 2007, os produtores de uva recebem os mesmos R$ 0,46 pelo quilo da fruta da variedade isabel. Esse valor mínimo foi anunciado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na semana passada para a safra deste ano.
Os produtores estimam um custo médio de R$ 0,55 por quilo para produzir a fruta. Em 2009, foram colhidas 534 mil toneladas de uva no Estado. Estima-se que a safra atual tenha uma quebra de pelo menos 10% em relação à passada em razão da chuva constante.
Sabemos que o setor vitivinícola tem feito grandes esforços para melhorar a qualidade e incentivar o consumo doméstico de vinhos, espumantes e suco de uva. Mas ainda temos um estoque de passagem elevado, que exerce uma pressão para baixo sobre os preços justifica o coordenador-geral de pecuária e culturas permanentes do Ministério da Agricultura, João Salomão.
O presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, repudiou a notícia do congelamento de preço mínimo.
Manter pelo quarto ano consecutivo esse valor demonstra que o governo está ouvindo mais o setor industrial, que tem incrementado suas vendas, e não o clamor dos produtores avalia.
Schiavenin também critica o fato de o valor ter sido divulgado já com a colheita em andamento. Lembra que, em 2007, o custo de produção da uva estava em R$ 0,46. Schiavenin estima que, de lá para cá, o valor tenha aumentado cerca de 8% ao ano, incluindo transporte, mão de obra e insumos.
A quebra de produção pode chegar a 30% em função do clima. O teor de açúcar também deve ser menor este ano, o que vai resultar numa perda de 20% a 30% na qualidade. O produtor está desestimulado e vai ter dificuldade para pagar os empréstimos reclama Schiavenin.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Raimundo Bampi, diz:
É uma vergonha. O governo sabe que o custo de produção aumentou e que a quantidade produzida será menor. O consumo de insumos cresceu devido ao mau tempo. Não lembro de outro ano tão ruim como este.
Para o presidente da Associação Gaúcha de Vinicultores, Benito Panizzon, as dificuldades de escoamento do vinho, que ainda tem estoques elevados e enfrenta a concorrência dos importados e de bebidas como sangrias e coquetéis, impede que a indústria ofereça um valor mais alto pela uva.
Não é o preço ideal para remunerar o produtor, mas é o possível para a indústria. Esse valor foi acordado para que não se pratique um preço abaixo do mínimo, como ocorreu no ano passado, quando muitos produtores receberam R$ 0,36, e não os R$ 0,46 diz Panizzon.
Zero Hora