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Apicultura

29/06/2009

O Brasil, apesar de ser o sétimo produto mundial de mel, ainda importa 1/4 do que consome. Isso dá uma idéia de como anda esse mercado pra lá de promissor.

Saiba como se tornar um apicultor de sucesso. Acredita-se que a criação de abelha também chamada de apicultura, teve início no Egito há cerca de quatro mil anos e foi difundida entre gregos e romanos que a aperfeiçoaram. Durante séculos, a técnica de criação foi mantida no estado primitivo e, somente no século XVII, com as importantes descobertas sobre os aspectos biológicos das abelhas, é que foram criados os equipamentos especiais para a sua cultura racional e exploração econômica.

No Brasil a atividade iniciou no século XIX, quando imigrantes italianos e alemães estabelecidos no sul do país trouxeram as abelhas da subespécie apismellifera mellifera. Por se tratarem de abelhas jovens e de fácil manejo, o seu desenvolvimento foi muito acelerado, produzindo ótimos resultados. Em 1956, Dr. Warwick Estevan Kerr trouxe da África, para fins científicos, cerca de 50 abelhas rainhas da subespécies Apis mellifera andansoni e Apis mellifera capensis e as introduziu em Piracicaba, interior de São Paulo. Acidentalmente houve uma fuga dessas abelhas que acabaram cruzando com as européias já existentes no país. Desse cruzamento resultaram as abelhas africanizadas e, em menos de meio século,

o Brasil saltou da posição de quadragésimo quinto para o sétimo lugar entre os maiores produtores mundiais de mel. Com tudo a produção ainda hoje é pequena para atender à enorme demanda nacional, pois o país chega a importar um quarto do total de mel consumido anualmente. Esses dados reafirmam que o mercado para atividade está em plena expansão e que está na hora de arregaçar as mangas e começar a produzir, já que a criação de abelhas requer áreas pequenas e investimentos baixos. Como iniciar a criação.

Para dar inicio à apicultura é preciso, em primeiro lugar, entender que jamais as abelhas podem ser instaladas em fundos de quintais. Um dos motivos é porque as flores, fontes de néctar e pólen são encontradas em pequenas quantidades em cidades e depois porque as abelhas poderiam atacar famílias vizinhas. Portanto, o local destinado às instalações do apiário deve ser escolhido cuidadosamente, obedecendo as exigências das abelhas e visando a segurança do homem.

O local ideal para manter um apiário deve possuir um terreno bem drenado e de fácil acesso. Além disso, deve ser protegido contra ventos muito fortes e frios. O sol deve ser abundante e o sombreamento moderado. É muito importante que haja vegetação vasta nas proximidades da colmeia, já que nela se encontra a fonte de alimento para as abelhas e quanto maior for a facilidade de acesso aos nutrientes, maior será a produção.

A região escolhida deve ser protegida de barulhos excessivos, de preferência que esteja localizada a uma distância de 500 metros de residências e estradas principais onde se locomove pessoas e veículos. Outro detalhe imprescindível é a presença de água natural nas proximidades do apiário, pois as abelhas consomem muita água para sua manutenção. Quanto a aquisição do enxame o apicultor pode optar em comprar uma colônia de abelhas de outros criadores ou capturá-las com caixas-iscas em seu habitat natural, ou seja, sem nenhum custo é possível capturar as abelhas na natureza. “O ideal é colocar na caixa-isca um pouco de cera de abelha derretida e resíduos de própolis para atrair a família”, ensina o apicultor Miguel Matias Benyhe, 51 anos que herdou de seu pai todas as técnicas da apicultura e hoje, com a ajuda de seus filhos, maneja cerca de 300 colmeias que produzem anualmente entre duas e quatro toneladas de mel.

Aspectos biológicos. As abelhas são insetos disciplinados e extremamente organizados. Costumam formar famílias com uma população em torno de 60 a 80 mil operárias, uma rainha e algumas centenas de zangões. Nos favos, mais especificamente nos compartimentos denominados alvéolos, as abelhas passam por todas as fases de desenvolvimento, ou seja, ovos, larvas e pupas. Também nos favos estão o pólen e o néctar, este último transformado em mel com auxílio de enzimas salivares das operárias, associados à desidratação.

As abelhas “roubam” o mel encontrado estocado, por isso o quarto de desoperculação deve ser bem vedado para evitar a pilhagem. Colméia. A colméia deve ser construída dentro dos padrões técnicos recomendados ou então adquirida diretamente de produtores credenciados e habilitados, por um custo médio de R$ 75,00. É importante que o apicultor fuja da tentação de baratear seus custos construindo ou adquirindo materiais inadequados, pois a aparente economia inicial poderá se transformar num prejuízo futuro.

Em geral, uma colméia é formada por um fundo, um ninho reservado à rainha e onde desenvolve a família; uma melgueira onde são armazenados o pólen e o mel; uma dela excluidora que é destinada ao confinamento da rainha ao ninho permitindo que a melgueira fique livre para o depósito de mel; dez quadros móveis onde ficam os favos de mel ou as crias; e uma tela de proteção utilizada para cobrir a colméia. Os quadros móveis normalmente são montadas com cera alveolada, uma lâmina feita à base de cera de abelha e já moldada com o formato de hexágono para facilitar o trabalho das abelhas na construção do favo.

Quanto as madeiras utilizadas na construção da colmeia, devem ser leves para facilitar o manuseio e sem a presença de cheiro forte que pode afugentar as abelhas. Para a instalação de um apiário, é muito importante que a colmeia não seja colocada diretamente no solo, pois a umidade fará com que a estrutura de madeira apodreça. Por isso, deve-se utilizar cavaletes que suportem uma ou duas colméias. Esses cavaletes podem ser feitos de madeira resistente ou alvenaria e devem possuir uma altura em torno de 60 a 80 centímetros do chão para que o apicultor trabalhe comodamente na hora de fazer o manejo. Após a construção dos cavaletes, é preciso que se coloquem aos seus pés algum suporte com água para evitar que as formigas subam para roubar o mel ou até mesmo destruir as crias. Após utilizar o fumigador, com uma técnica que exige paciência e coragem, o apicultor Miguel Benyhe permite que as abelhas construam uma espécie de “Barba” em seu rosto.

EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS Na apicultura, os equipamentos e roupas específicos são imprescindíveis, principalmente quando se vai manejar a colméia. As roupas de proteção individual são fabricadas em diversos modelos e é necessário que sejam largas e confortáveis. Não é aconselhável a utilização roupas confeccionadas em algodão porque as abelhas ficam mais agressivas. Segundo Benyhe, embora as roupas de proteção sejam fabricadas normalmente na cor branca, a sua preferência é pela cor verde, pois imita a coloração do habitat natural das abelhas, ou seja, a vegetação. Estas vestimentas de tecido ou nylon são compostas de uma máscara ou véu que nunca deve ficar encostado no rosto, uma bota, um macacão com a parte da calça presa sobre a bota e uma luva emborrachada com parte antiaderente que é usada sobre a bainha da manga.

Entre os equipamentos utilizados na apicultura, o fumigador é obrigatório. Ele possui a função de produzir fumaça simulando incêndio na colméia. Com o aparente perigo, as operárias engolem todo o mel que conseguem para salvar o alimento numa suposta fuga. Assim, com o abdômen cheio de mel, não tem disposição suficiente para acionar o ferrão, perdendo a agressividade e facilitando o trabalho do produtor. Para a combustão podem ser usados materiais como raspas de madeira ou folhas de eucalipto.

Nunca utilize vegetação que possa produzir cheiros fortes. A fumaça produzida deve apresentar coloração azulada ou branca e a intensidade necessária da fumaça também deve ser conhecida pelo apicultor. Em época de carência, por exemplo, quando existe pouca reserva de mel em pólen, não se pode colocar um volume de fumaça muito grande dentro da colméia, pois a tendência e que as abelhas abandonem o local. Outros utensílios necessários no apiário são o formão que servem para abrir e remover as partes móveis da colméia, o pegador de quadros as facas e garfos desoperculadores e a centrífuga onde o mel é retirado. Você pode capturar abelhas em seu habitat natural através de caixas-isca. Coloque um pouco de cera de abelha derretida e resíduos de própolis para atrair a família. Manejo A criação de abelha não exige muito trabalho do apicultor no manejo, no entanto, deverá passar por intervenções técnicas até que esteja em condições de produzir mel de forma abundante. Isso acontece entre os meses de julho a setembro. Nesta época, é recomendável levar um ninho vazio no apiário que servirá como depósito de própolis ou ainda como troca de um segundo ninho que possa estar estragado ou defeituoso.

É necessário ainda que se faça uma avaliação de sanidade das abelhas, pois elas também costumam ser atacadas por pragas e doenças. Outros detalhes importantes nestas revisões semanais são: a verificação de reservas de alimentos, a necessidade em reforçar famílias ou controlar a população da colônia, colher o mel e avaliar a postura da rainha. <img src="http://www.clickinterativa.com.br/revistadaterra/imagens/gal_con102/apicultura6.jpg/>&#10;&#10;O processo de desoperculação é simples basta usar uma espátula e armazenar rapidamente o mel. &#10;&#10;<img data-cke-saved-src=" http:="" clickinterativa.com.br="" revistadaterra="" imagens="" gal_con102="" apicultura4.jpg"=""> Centrífuga manual utilizada pelo apicultor Miguel Matias Benyhe para extrair o mel. Para fazer estas revisões, o apicultor deve utilizar as vestimentas e equipamentos adequados. Após acionar o fumigador, é preciso aguardar alguns minutos para retirar a cobertura da colméia. Depois de retirada introduz- se o formão para o deslocamento da tampa. Passada esta etapa o fumigador deve ser novamente acionado para dispersar as abelhas. O processo é fácil, mas requer cuidados do apicultor. A ação deve ser lenta e sem muito barulho para não irritar os insetos. A tampa deve ser colocada no chão de forma invertida para não haver o esmagamento das abelhas. Quando esmagadas, elas eliminam um cheiro característico para que sua família ataque o agressor. Um detalhe que deve ser observado com atenção é a localização do apicultor. Ele deve ficar sempre na lateral da colméia para evitar o choque com as abelhas em sua linha de vôo. O produtor deve acionar o fumigador em todas as etapas de abertura da colméia.

Na etapa da melgueira, onde se encontra o mel, a operação deve ser iniciada sempre a partir do segundo quadro para evitar o esmagamento das abelhas. O ideal é puxar todos os quadros para facilitar o manejo. Depois e retirada a melgueira, inicia-se então a avaliação da rainha e sua postura e até de algumas reservas de mel e pólen que existem nas extremidades do ninho. Comunicação das abelhas. Uma das formas mais comuns de comunicação entre as abelhas acontecem quando as operárias campeiras retornam à colmeia com algum alimento. Para informar as demais onde se encontra o alimento, as campeiras executam diversos tipos de vôo. Quando a fonte de alimento se localiza a menos de 100 metros da colmeia, o vôo é executados em círculos. E quando se localiza a mais de 100 metros, o vôo é executado em oito ou em requebrado, tendo sempre o sol como referencial. Quando mais intenso for o vôo, maior será a fonte de alimento a ser explorada. Reprodução. Somente a abelha rainha tem a função de postura.

Ela mantém o equilíbrio populacional da colônia e por isso é a única fêmea fértil de toda a colméia. Após o quinto dia de vida ela está pronta para o vôo nupcial. Em dias quentes, de preferência, a rainha voa em alta velocidade e a uma altura em torno de 40 metros de altitude. Ela é fecundada por cerca de dez a doze zangões que são capazes de captar seu odor a quilômetro de distância. Após a fecundação, a rainha retorna a colméia e inicia uma fase de postura que pode chegar até três mil ovos por dia. Esses ovos darão origem às operárias, aos zangões e até mesmo às abelhas princesas. Os ovos das operárias são depositados em alvéolos menores e seu ciclo evolutivo é de 21 dias até a nascimento. Passam três dias na fase de ovo, seis na de larva e doze na de pupa, morrendo aos 42 dias de vida. São fêmeas que não reproduzem e exercem diversas funções dentro da colônia que podem variar entre construtoras, guardiãs, campeiras, coletoras de água, resina, néctar e pólen. Já os zangões passam por um processo parecido. Entretanto, levam 24 dias até o nascimento e são depositados em alvéolos maiores. Ficam três dias na fase de ovo, sete dias na de larva e 14 na de pupa. Morrem logo após o acasalamento ou de forma natural aos oito dias de vida. Eles não possuem ferramentas de trabalho, mas ajudam no aquecimento das crias. Sua principal função é a de fecundar a rainha. A rainha possui um ciclo evolutivo completamente diferente e sua vida útil pode ocorrer até dez anos. Elas permanecem três dias na fase de ovo, cinco na de larva e sete na de pupa, emergindo da realeira após 15 dias. Um decantador é utilizado para separar o mel. depois de sete dias de descanso, a cera sobe e o própolis desce e permanece no fundo, facilitando a retirada do mel. A cera é matéria-prima para fabricação de velas de alta qualidades, pastas de polimento, na indústria de componentes eletrônicos, cosméticos e farmacêuticos.

ALIMENTAÇÃO Na natureza, as abelhas coletam pólen e néctar das flores para produzir seu próprio alimento. Existem determinadas espécies vegetais cuja floração apresenta maior concentração de pólen e néctar e que devem ser cultivadas próximo ao apiário. Entre elas estão o eucalipto e árvores frutíferas com algumas espécies do gênero citrus. Durante o inverno, em períodos de escassez de alimento, o apicultor deve suprir as necessidades das abelhas com alimentação artificial que pode ser feita com um xarope de açúcar ou de mel. Há três tipos de alimentação que podem ser fornecidas às abelhas nesta época: a alimentação de subsistência que serve para matar a fome a alimentação estimulante, para fazer com que a rainha não perca a sua postura. Ela é feita 70 dias antes do início da floração, utilizando mel ou açúcar, água e ingredientes à base de pólen e proteínas como farinha de soja a alimentação remédio, ministradas às famílias de abelhas quando são atacadas por doenças. O medicamento pode ser adicionado no alimento comum.

COLHENDO O MEL Após o período de floração, o mel deve ser colhido. A extração do mel deve ser feita o mais rápido possível, logo após a colheita, e em locais apropriados, geralmente conhecidos como casa do mel. O ambiente deve ser bem higiênico, uma vez que o mel é um produto alimentar. Quando o favo é colhido, apresenta uma camada de cera chamada de opérculo que cobre o mel. Essa cera deve ser retirada com uma faca ou garfo antes de colocar o favo na centrífuga. Logo após a desoperculação, os favos são colocados na centrífuga onde o mel é retirado sem danificá-los, sendo possível aproveitá-los posteriormente. Para o envase do mel que pode ocorrer da forma manual, semi- automática ou automática, o apicultor poderá optar por embalagens de lata, vidro ou plástico. Segundo Benyhe, o envase automático é recomendável apenas para grandes produtores de mel.

CONHECENDO A ANATOMIA DAS ABELHAS Corpo da abelha é constituído por três partes: cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça se encontra os olhos, também chamamos de ocelos. A percepção de movimentos por parte da abelha acontece em câmara lenta e sua visão é capaz de captar as cores amarela, verde- azulada, azul e ultravioleta. Seus principais órgãos sensoriais estão localizados nas antenas. Esse sistema é tão desenvolvido que um zangão consegue localizar uma rainha virgem a uma distância aproximada de até quilômetros de distância durante um vôo nupcial. Ainda na cabeça localiza-se o aparelho bucal, cuja função é mastigar e moldar a cera, além de sugar o néctar do interior das flores. Na região torácica existem as asas e os pares de pernas.

Para as operárias, as asas não servem apenas para voar e se locomover, elas também as utilizam para ventilar a colméia e ajudar na desidratação do mel. Possuem olhos para enxergar dentro da colméia e outros olhos compostos para enxergar todos os ângulos do campo. As abelhas se conhecem pelo cheiro característico do ferormônio exalado pela rainha. Para se comunicar e encontrar a fonte de alimento utilizam as antenas. Na rainha o aparelho reprodutor costuma ser bem desenvolvido em razão de sua função procriatória. Também nessa região encontra-se o ferrão que normalmente só é acionado em disputas com outra rainha pelo domínio da colônia.

O zangão também possui aparelho reprodutor ativo, uma vez que sua função é justamente a de fecundar a rainha. Já nas operárias o aparelho reprodutor é atrofiado, pois elas não procriam. As operárias são dotadas ainda de glândulas de cheiro que facilitam o agrupamento da família e glândulas ceríferas que produzem as placas de cera a serem usadas na construção e reparos no favo de mel. Seus ferrões são acionados em defesa da colônia, contra possíveis inimigos.

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