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Agronegócio

23/11/2009
O complexo soja é favorecido pelas importações chinesas, que permitiram fechar o terceiro trimestre em torno de 8,2 milhões de toneladas, volume idêntico ao do mesmo período de 2008 Mas, com os preços de exportação 12% menores, o faturamento em dólar caiu 13%, totalizando US$ 5,5 bilhões. Em reais, a receita permaneceu estável em torno de R$ 10,3 bilhões São Paulo - O agronegócio brasileiro tem demonstrado força para se recuperar dos efeitos da crise financeira mais rapidamente do que o setor de industrializados, de acordo com estudo elaborado pelo Rabobank, banco holandês especializado em operações voltadas para o agribusiness. Segundo o gerente do Departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank, Andy Duff, a demanda por alimentos básicos deverá sustentar a recuperação principalmente dos setores de açúcar, grãos e carnes. Outros menos básicos, como o de suco de laranja e de algodão, foram mais afetados pela crise e deverão se recuperar mais gradualmente. No entanto, o estudo feito pelo Rabobank revela que mesmo o setor de agribusiness continua registrando problemas com suas receitas oriundas de exportação. No terceiro trimestre de 2009, por exemplo, o faturamento em dólar das exportações do agronegócio caiu 17% em relação ao resultado do terceiro trimestre de 2008, quando a crise ainda não havia estourado. Em reais, entretanto, a queda foi de apenas 6% em função da valorização cambial. Duff ressalta que, embora essa redução pareça pouco expressiva no conjunto, os principais setores exportadores do agronegócio registraram resultados distintos individualmente. Enquanto o complexo carnes registrou queda de 16% em seu faturamento, o complexo soja se manteve praticamente estável, com redução de 2%, e o complexo sucroalcooleiro registrou aumento de 29% no faturamento no período analisado. O executivo explica que o forte crescimento do açúcar deveu-se à alta nas cotações da commodity no período, em função de uma oferta limitada. Já a estabilidade da soja foi garantida pela continuidade das importações chinesas. E o complexo carne acabou sofrendo com a menor demanda dos importadores em virtude da crise. Neste setor, a carne bovina foi a mais afetada, com queda de 20% no volume exportado. Segundo ele, enquanto no terceiro trimestre de 2008 o setor de carnes do Brasil embarcou 1,5 milhão de toneladas (t), no mesmo período de 2009 o embarque foi de 1,3 milhão de t, queda de 11%. ""Como os preços tiveram desvalorização de 23% em dólar no período, a receita dos exportadores caiu de US$ 4 milhões para US$ 2,7 milhões"", disse. Em moeda local, a queda foi de 22%, de R$ 6,6 milhões para R$ 5,8 milhões. No complexo soja, as importações chinesas beneficiaram o setor brasileiro, garantindo que as exportações ficassem em torno de 8,2 milhões de toneladas tanto no terceiro trimestre de 2008 quanto no mesmo período de 2009. "O Brasil se beneficiou da política chinesa de recomposição de estoques públicos", disse Duffy. No entanto, diante de preços de exportação 12% menores, o faturamento em dólar caiu 13%, totalizando US$ 5,5 bilhões. Em reais, a receita permaneceu estável em torno de R$ 10,3 bilhões. No setor sucroalcooleiro, segundo o documento do Rabobank, um ano após o auge da crise o faturamento das exportações subiu 29%, ultrapassando os R$ 5 bilhões no terceiro trimestre de 2009. Deste total, o aumento do volume exportado foi responsável por 10% enquanto o aumento do preço em dólar respondeu por um aumento de mais 4%. Duff lembra que apenas o volume de açúcar exportado subiu 20% no período e o preço das exportações em dólar teve elevação de 22%. Segundo ele, a tendência é de que 2010 registre um faturamento crescente em dólar para as exportações. No caso do açúcar, a expectativa é de que os preços permaneçam firmes até meados de 2010, mas Duff espera que o próximo ano seja positivo para estas commodities analisadas. "As perspectivas são de crescimento principalmente para os setores de açúcar e carnes, enquanto a soja deve permanecer estável", disse. O executivo disse que o câmbio será uma variável a ser observada, mas que o agribusiness brasileiro irá se recuperar. "Não chegaremos ao pico registrado em 2006 e 2007, mas sairemos do fundo do poço da crise."


Eduardo Magossi - Agência Estado
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