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Café

02/11/2009
O consumo regular de café pode ajudar a retardar a progressão da hepatite C crônica, aponta um estudo publicado na revista "Hepatology". Os pesquisadores avaliaram a rotina de ingestão de café e de chás entre 766 pacientes com hepatite C e que não respondiam mais ao tratamento convencional com medicamentos. A cada três meses, durante cerca de quatro anos, os participantes foram submetidos a biópsia do fígado para determinar a evolução da doença. Os pesquisadores constataram que aqueles que consomem mais de três xícaras de café por dia reduzem em 53% o risco da evolução da doença em relação aos que não bebem. O mesmo efeito não foi observado entre aqueles que tomavam chá preto ou chá verde. Segundo a hepatologista Helma Cotrim, responsável pelo Ambulatório de Estudo das Hepatites do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, a relação entre o consumo regular de café e o atraso da evolução da doença hepática já havia sido observada em estudos menores, mas essa é a primeira pesquisa de impacto a apontar essa relação. Uma das hipóteses para explicar o benefício é que a cafeína reduziria a quantidade de enzimas aminotransferase no fígado -presentes nas células hepáticas e que aumentam quando sofrem agressões. Os pesquisadores também detectaram menor resistência à insulina entre os bebedores de café e menor estresse oxidativo nas células (por causa dos componentes antioxidantes do café). Esses dois fatores também influenciam na evolução da doença hepática. "Os pesquisadores avaliaram pacientes com o fígado doente, por isso não podemos estender os resultados como uma possível medida preventiva. Mesmo assim, os dados abrem uma perspectiva de estudo em portadores de hepatite C que ainda não desenvolveram a doença." Para a médica, se outros estudos comprovarem o mesmo benefício entre pacientes saudáveis, o impacto na prática clínica será imenso. "Junto com todas as outras medidas que tomamos para evitar a progressão da doença, poderíamos estimular o consumo de café, que é um alimento simples e disponível para todos", diz. O hepatologista clínico Márcio Dias de Almeida, da equipe de transplante de fígado do hospital Albert Einstein, diz que os resultados são promissores, mas pondera que os autores ainda não conseguiram explicar de que maneira exatamente a cafeína age no fígado. "O trabalho traz indícios de que o café tem alguma influência na evolução da fibrose do fígado. O próximo passo é dar café para um grupo e não dar para outro e observar se os resultados se confirmam", avalia.


FERNANDA BASSETTE
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