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Produtor de leite aposta na silagem para manter lucro

31/07/2017

Nesta época do ano, ocorre uma sensível melhoria do preço do leite, por conta da entressafra.  Por essa razão, o  período é favorável para que o produtor consiga aumentar o faturamento e os lucros. 

Mas, como garantir um bom índice de produção diante da seca e da falta de pasto? A solução é investir na manutenção do manejo com uma boa alimentação - a silagem, aplicada ao sistema intensivo de criação, conhecido como “cocheira”.

Essa condição  ganha importância no Norte de Minas que, historicamente, enfrenta estiagens prolongadas. A pecuária leiteira tem um grande peso na economia da região, garantindo o sustento de milhares de pequenos agricultores, que, neste período do ano, não têm como se dedicar a outras atividades produtivas devido à falta d água.

 

 

O consultor técnico Reinaldo Nunes de Oliveira, aposentado da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), ressalta que em função da falta de pasto e da escassez de água - consequências de cinco anos seguidos de estiagens rigorosas, muitos produtores norte-mineiros se viram obrigados a vender as matrizes e interromper a produção leiteira.

 

 

Mesmo assim,a atividade se mantém como carro-chefe do campo no Norte do estado, onde ainda existem cerca de 30 mil agricultores familiares que sobrevivem quase que exclusivamente da pequena produção leiteira no período crucial da seca (abril a outubro).

 

 

“Nesta época, a produção de leite é a única atividade que garante aquele dinheirinho mensal para o pequeno agricultor se manter e cobrir os custos da propriedade”, comenta Nunes de Oliveira.

Segundo ele, cada pequeno produtor norte mineiro possui entre 25 e 30 reses, mantendo em lactação cerca de oito a 10 vacas no período mais crítico da falta de chuvas.

O técnico afirma que o Norte de Minas já produziu cerca de 600 mil litros de leite por dia. Hoje, a produção diária da região é de aproximadamente 250 mil litros na época da seca.

Ele ressalta que a média da produção diária de cada produtor de leite da região  já oscilou entre 50 e 80 litros por dia. Atualmente, está em torno de 30 litros diários, na fase crucial da estiagem.

O diretor de Pecuária Leiteira da Sociedade Rural de Montes Claros, Otaviano de Souza Pires Júnior, salienta que a busca de melhor rendimento e do lucro por parte do produtor começa bem antes do período da estiagem.

 

“O produtor deve se preparar na época das chuvas, fazendo o plantio de cana, de sorgo ou de milho, com uma boa silagem para alimentar o rebanho durante a seca”, afirma Pires Júnior.

Ele disse que o cultivo da cana é a alternativa mais barata para se produzir a ração na propriedade e garantir a manutenção do rebanho diante da falta de pasto.

“Mas, em termos de custo/benefício, desde que seja feito o plantio correto, sorgo é melhor, por ser uma cultura mais resistente à seca e que apresenta melhor qualidade nutricional”, assinala.

O diretor da Sociedade Rural destaca que em torno de 70 a 80 por cento dos produtores de leite do Norte de Minas são pequenos agricultores, que têm com uma produção inferior a 200 litros por dia.

No entanto, Pires Junior destaca que é possível conseguir uma produção de leite mais elevada na região de clima semiárido durante a estiagem, somente com a silagem ou com o uso da ração como alimentação complementar de vacas no pasto.

Pires Junior cita o seu próprio caso. Ele conta com 45 vacas em lactação em sua propriedade no município de Bocaiuva e alcança uma produção de 800 litros por dia - média de quase 18 litros/dia por rês.

“Os animais são mantidos com a pastagem seca e reforço proteico, com concentrado de milho, farejo de soja, sorgo e outras formas de alimentação complementar”, explica o pecuarista.

O produtor norte - mineiro cria vacas holandesas puro sangue. Ele explica que a raça  se adapta também às regiões de clima semiárido.

“Não existe uma raça específica para se produzir leite em uma região seca. Existem criatórios de gado holandês de clima quente como a Califórnia. Tudo depende do manejo adotado pelo criador”, afirma Otaviano Pires Junior.



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