“Depois de anos de monopólio da soja, o fim das retenciones e da trava cambial para os outros cultivos no início do governo de Mauricio Macri levou o trigo a retomar sua vocação de protagonista na rotação de cultivos que sempre teve, historicamente. E depois da safra 2016/17, com produção em torno de 18 milhões de toneladas, o cereal parece que voltou ao palco” afirma o analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.

O crescimento veio apesar de as perspectivas para o plantio atual (que já avançou mais de 60%) apontarem para um leve retrocesso na quantidade de hectares destinados ao trigo. O volume comercializado é recorde “desde que se tem registros”, comentou a corretora Zeni. Em comparação com a última safra, o salto nas vendas forward de trigo chega a 181%, já que na terceira semana de junho de 2016 os negócios registravam 500.000 toneladas.

“Para esta segunda safra completa de trigo do governo de Macri, as expectativas são favoráveis: do lado do Brasil há o desejo de importar 1 milhão de toneladas a mais de trigo para o próximo ano e, em um contexto em que o valor do cereal está com as cotações nos níveis mais altos dos últimos 3 anos nos Estados Unidos, diante de problemas climáticos que afetam a variedade primavera neste país e alguns problemas nos principais produtores europeus”, afirma Pacheco.

De acordo com ele, o modelo argentino de exportação de trigo serviria para o Rio Grande do Sul: “Primeiro ver a possibilidade de colocação nos mercados, daí incentivar a produção e depois cumprir os contratos. A exportação melhora a qualidade, aumenta a produção e a lucratividade do produtor, dando-lhe alternativa de comercialização, porque hoje está apenas nas mãos dos moinhos”.